Exportar este item: EndNote BibTex

Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/12097
Tipo do documento: Dissertação
Título: Ewé Igbo: árvores sagradas do Candomblé no contexto socioambiental
Título(s) alternativo(s): Ewé Igbo: Sacred trees from Candomble in the social-environmental context
Autor: Azevedo, Vitor Amorim Moreira de 
Primeiro orientador: Barros, Ana Angélica Monteiro de
Primeiro membro da banca: Rocha, Joyce Alves
Segundo membro da banca: Dorvillé, Luis Fernando Marques
Resumo: As religiões afro-brasileiras são baseadas na cosmovisão africana, onde os Orixás e a natureza representam um único ser. Dessa forma, como parte integrante desse contexto, as árvores exercem um papel fundamental na vida das comunidades religiosas, sendo atribuídos a elas valores ritualísticos e simbólicos do culto. O presente trabalho tem como objetivo compreender quais são as espécies arbóreas que representam símbolos sagrados dentro da liturgia do Candomblé, buscando contar a história religiosa a partir de suas árvores. A pesquisa foi realizada em três casas de Candomblé de Ketu localizadas no estado do Rio de Janeiro. Para realização da pesquisa foram utilizadas entrevistas livres, semi-estruturadas e observação direta, com perguntas direcionadas sobre a liturgia do culto das árvores. O material testemunho foi coletado seguindo as técnicas usuais em botânica, sendo esse incorporado aos herbários RFFP e RB. Foram identificadas 34 espécies, correspondendo a 32 etnoespécies. A pesquisa mostrou que nas práticas litúrgicas as árvores correspondem à morada dos Orixás, sendo seus troncos enfeitados por ojás (panos brancos ou coloridos) para demostrar sua sacralidade. Essas árvores têm um valor significativo no que tange a identidade religiosa, pois mostram o espaço como um lugar sagrado e de culto as divindades. O mito da Árvore Mundo é representado pela espécie africana Newbouldia laevis (P. Beauv.) Seem., que simboliza a união entre o Àiyé e o Òrun através de seu tronco sagrado. O Apáòká (Artocarpus heterophyllus Lam. - jaqueira) pode ser consagrado a diversos Orixás, entretanto sua presença é ligada mais diretamente à divindade fitomórfica específica, considerada mãe do Orixá Oxóssi. O Orixá Iroko (Ficus spp.) utiliza a árvore para ser sua morada, sendo seu culto relacionado à presença física do vegetal consagrado. Árvores frutíferas são importantes instrumentos de culto, indicando o forte valor litúrgico que alguns frutos apresentam nas obrigações dos Orixás. Sementes também são utilizadas nos preceitos religiosos, entre elas o obì (Cola acuminata (P. Beauv.) Schott & Endl.), associadas a Orumilá, o Orixá da adivinhação, sendo essas lançadas sobre um prato branco de modo que a posição em que caem dão uma resposta a quem os consulta. O àjóbi (Schinus terebinthifolia Raddi) é uma árvore consagrada ao Orixá Ossain, suas folhas e galhos são utilizados para enfeitar e vestir Ossain em dias de festa. Dentre as espécies levantadas 59% são exóticas provenientes principalmente da África e da Ásia; 41% são espécies nativas do Brasil. Uma dessas é endêmica do estado do Rio de janeiro, a quaresmeira (Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.), consagrada a Nanã devido a cor lilás das pétalas das flores. Algumas espécies exóticas citadas são consideradas invasoras e podem causar problemas ambientais. As Casas de Candomblé são um importante espaço identitário e de regaste da memória da cultura e religiosidade afro-brasileira, que tem como princípio a comunhão com os elementos da natureza. A força dos Orixás está diretamente ligada ao território natural. Nesse sentido a prática ritualística prega o cuidado e respeito ao meio ambiente, mostrando que a natureza e a religião são indissociáveis.
Abstract: The african-brazilian religions are based on the African worldview, where the Orishas and nature represent a single being. Thus, as an integral part of this context, the trees play a key role in the life of religious communities, by providing them ritualistic and symbolic values. This study aims to know which tree species that represent sacred symbols within the Candomblé liturgy, seeking religious histories related to their trees. The survey was conducted in three Candomblé houses located in the state of Rio de Janeiro. In order to conduct the survey free interviews were used, with semi-structured questions about the liturgy of the worshiped trees. The witness material was collected following the usual techniques in botany and was incorporated into the herbal RFFP and RB. Were identified 34 species, corresponding to 32 ethnospecies. Research has shown that in liturgical practices, trees correspond to the household of the Orishas, with their trunks adorned by ojás (white or colored cloths) to demonstrate its sacredness. These trees have a significant value when it comes to religious identity because there show the space as a sacred place and worship of the deities. The myth of the "World Tree" is represented by the African species Newbouldia laevis (P. Beauv.) Seem., which symbolizes the union between the Àiyé and Òrun through its sacred trunk. The Apáòká (Artocarpus heterophyllus Lam. - jackfruit) can be associated to various Orishas, however it presence is directy linked a specific phytomorphic deity, considered mother of the Orisha Oxossi. The Orisha Iroko (Ficus spp.) uses the tree as his home, and his cult is related to the physical presence of this sacred plant. Fruit trees are important instruments of worship, indicating the strong liturgical value that some fruits have as obligations of the Orishas. Seeds are also used in religious precepts among them Obi (Cola acuminata (P. Beauv.) Schott & Endl.), associated with Orumilá, the Orisha of divination, that is thrown over a white plate so that the position in which it fall gives us a response to a query. The àjóbi (Schinus terebinthifolia Raddi) is a tree related to the Orisha Ossain, its leaves and branches used to adorn and dress Ossain on feast days. Among the studied species 59% are exotic coming mainly from Africa and Asia; 41% are native species of Brazil. One of these is endemic to the state of Rio de Janeiro, the quaresmeira (Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.) devoted to Nana because of the lilac petals of its flowers. Some cited exotic species are considered invasive and can cause environmental problems. The Candomblé houses are an important identity space and ransom memory of culture and african-Brazilian religiosity, based on the communion with the elements. The strength of the Orishas is directly linked to the natural territory. In this sense the ritualistic practice preaches the care and respect for the environment, showing that nature and religion are inseparable.
Palavras-chave: Ethnobotany
Ritual plants
African origin religion
Etnobotânica
Plantas ritualísticas
Religião de matriz africana
Área(s) do CNPq: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS
Idioma: por
País: BR
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
Programa: Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade
Citação: AZEVEDO, Vitor Amorim Moreira de. Ewé Igbo: árvores sagradas do Candomblé no contexto socioambiental. 2015. 131 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Biologia; Biodiversidade e sociedade) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2015.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/12097
Data de defesa: 28-Ago-2015
Aparece nas coleções:Mestrado em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade

Arquivos associados a este item:
Arquivo TamanhoFormato 
Dissertacao Vitor Amorim.pdf12,57 MBAdobe PDFBaixar/Abrir Pré-Visualizar


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.