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http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/14552
Tipo do documento: | Tese |
Título: | Os tempos da escrita na obra de Clarice Lispector |
Título(s) alternativo(s): | Temp d'écriture dans l'oeuvre chez Clarice Lispector |
Autor: | Nero, Luciana Brandão Carreira Del ![]() |
Primeiro orientador: | Costa, Ana Maria Medeiros da |
Primeiro membro da banca: | Ribeiro, Heloisa Fernandes Caldas |
Segundo membro da banca: | Jorge, Marco Antonio Coutinho |
Terceiro membro da banca: | Poli, Maria Cristina Candal |
Quarto membro da banca: | Branco, Lucia Castello |
Resumo: | Apoiados nos ensinamentos de Sigmund Freud e de Jacques Lacan, partimos de um pressuposto: as obras concebidas por Clarice Lispector no intervalo de tempo entre 1964 e 1973 colocam em evidência a operação que inscreve o ser falante no campo da linguagem. Talvez por isso, nesse contexto, seja possível perceber a consolidação de uma mudança em seu estilo, considerando que, de acordo com uma determinada vertente da crítica literária, existem pelo menos dois ciclos estilísticos ao analisarmos o conjunto da obra da escritora. Esses dois ciclos são determinados quando se opera uma torção na voz narrativa, que se desloca da terceira para a primeira pessoa. Essa torção tem como marco o livro A Paixão Segundo G.H. e se consolida em 1973, com o livro Água Viva. Supomos que a mudança no estilo de Clarice Lispector corresponde à torção que engaja o ser falante nas vicissitudes do corpo, em sua origem. Assim, é por povoar o mundo dos afetos que a repercussão de determinadas leituras nos leva à seguinte constatação: haveria escritos cuja temporalidade remonta à suspensão da fantasia, motivo pelo qual se prestam a transmitir o real da experiência de uma primeira inscrição, por via do encontro entre leitor e texto. Tratar-se-iam de escritos cuja temporalidade remete ao instante em que a morte se inscreve nas malhas corporais, resultantes do que escapa ao simbólico, o real. Na intimidade do pulsional, tais práticas testemunham o momento em que a língua materna (Lalangue) faz marca no corpo, desembocando no tempo da inscrição do traço unário; o que permite ao sujeito falar, fazendo frente, por via de uma nomeação, à falta de um significante no campo do Outro, . No decorrer do presente trabalho, vimos que Lacan, ao entrelaçar saber inconsciente e poesia, assim o fez na tentativa de transmitir a fugacidade de um instante no qual o inconsciente aflora. Ao se colocar no lugar de agente da poesia, Lacan é levado a especificar a verdade como sendo poética, situando a poesia como fundamentalmente ligada ao seu estilo e à transmissibilidade da psicanálise. Com Clarice Lispector, algo se transmite. E foi com ela que retomamos importantes textos de Jacques Lacan sobre o tema da escrita, dentre os quais, a lição sobre Lituraterra e o seminário Le sinthome. Acompanhamos o seu percurso a respeito do traço unário, desde o seminário da identificação, deixando-nos interrogar sobre a potência de uma imagem que está para além do que é representável. Por isso, ao final de nosso trabalho, enfatizamos o estatuto de uma escrita que se produz por via de um ato que conjuga o traço unário ao objeto a em sua vertente olhar. |
Abstract: | D après les enseignements de Sigmund Freud et de Jacques Lacan, nous partons d une présupposition : les uvres conçues par Clarice Lispector entre 1964 et 1973 mettent en évidence l opération qui inscrit l être parlant dans le champ du langage. C est peut-être pour cela qu il est possible de percevoir la consolidation, dans ce contexte, d un changement de son style, en prenant en considération que selon un certain courant de la critique littéraire, il existe au moins deux cycles stylistiques quand nous analysons l ensemble de l uvre de l écrivain. Ces deux cycles sont déterminés quand s opère une torsion dans la voix narrative, qui se déplace de la troisième à la première personne. Cette torsion apparaît dans le livre La Passion Selon G.H., et est consolidée en 1973 dans le livre Agua Viva. Nous supposons que le changement du style de Clarice Lispector correspond à la torsion qui engage l être parlant dans les vicissitudes du corps, à son origine. Ainsi, c est pour peupler le monde des affects que la répercussion de certaines lectures nous amène à la constatation suivante : il y aurait des écrits dont la temporalité renvoie à la suspension du fantasme, raison pour laquelle ils se prêtent à transmettre le réel de l expérience d une inscription première, via la rencontre entre le lecteur et le texte. Il s agirait des écrits dont la temporalité rappelle l instant où la mort s inscrit dans les trames corporelles, effet de ce qui échappe au symbolique, le réel. Dans l intimité du pulsionnel, ces pratiques témoignent du moment où la langue maternelle (Lalangue) fait marque dans le corps, débouchant sur le temps de l inscription du trait unaire, ce qui permet au sujet de parler, faisant face, par voie d une nomination, à l absence d un signifiant dans le champ de l Autre . Au cours du présent travail, nous avons vu que Lacan, en entrelaçant savoir inconscient et poésie, l a ainsi fait dans la tentative de transmettre la fugacité d un instant dans lequel affleure l inconscient. En se plaçant comme agent de la poésie, Lacan est amené à spécifier la vérité en tant que poétique, situant la vérité comme fondamentalement liée au style et à la transmissibilité de la psychanalyse. Avec Clarice Lispector, quelque chose se transmet. Et c est avec elle que nous avons repris d importants textes de Jacques Lacan sur le thème de l écriture, parmi lesquels la leçon sur Lituraterre et le Séminaire Le sinthome. Nous avons suivi son parcours relatif au trait unaire, depuis le Séminaire de l identification, nous laissant nous interroger sur la puissance d une image qui est au-delà de ce qui est représentable. Pour cela, à la fin de notre travail, nous avons souligné le statut d une écriture qui se produit par un acte qui conjugue le trait unaire à l objet a en tant que regard. |
Palavras-chave: | Trait unaire Écriture Jouissance Objet a Psicanálise e literatura Gozo (Psicanálise) Clarice Lispector Traço unário Escrita Objeto a |
Área(s) do CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA::TRATAMENTO E PREVENCAO PSICOLOGICA |
Idioma: | por |
País: | BR |
Instituição: | Universidade do Estado do Rio de Janeiro |
Sigla da instituição: | UERJ |
Departamento: | Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia |
Programa: | Programa de Pós-Graduação em Psicanálise |
Citação: | NERO, Luciana Brandão Carreira Del. Os tempos da escrita na obra de Clarice Lispector. 2012. 246 f. Tese (Doutorado em Pesquisa Clínica em Psicanálise) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/14552 |
Data de defesa: | 7-Mar-2012 |
Aparece nas coleções: | Doutorado em Psicanálise |
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Arquivo | Tamanho | Formato | |
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