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Tipo do documento: Dissertação
Título: Variações leibnizianas
Título(s) alternativo(s): Leibnizian variations
Autor: Maia, Caetano Torelli de Mello 
Primeiro orientador: Garcia, Elena Moraes
Primeiro membro da banca: Solis, Dirce Eleonora Nigro
Segundo membro da banca: Grasset, Baptiste Noël Auguste
Resumo: Quando uma filosofia começa, parte de um campo em profusão, sem coordenadas prontas, pleno de variações infinitas, sobre as quais ela irá projetar um plano, desenhar uma orientação, uma distribuição específica. Toda filosofia começa onde ainda não há uma filosofia do cogito, do ponto fixo, do indivíduo, de todo e qualquer termo que paralisaria um discurso num limite estabelecido, num território inviolável, num centro. Toda filosofia começa numa multiplicidade, numa diferença impassível e todo começo diz praticamente tudo sobre como um filósofo pensa essa multiplicidade e como configura essa diferença. De saída, existem ao menos duas maneiras de um filósofo começar: 1) ou se rejeita, como Descartes, o espaço das variações em nome de um invariante fixo, de uma condição primeira da experiência, de um ponto fundamental, originário e inabalável em torno do qual todo movimento do pensamento deve girar, em relação ao qual tudo deve ser julgado à imagem e semelhança. Nesse cenário, toda distribuição, toda separação daquilo que importa e não importa, daquilo que orienta o espírito, vai numa direção apenas e impede a multiplicidade de subir, já que é o centro de sentido, o invariante que comanda a ação, que prejulga, que determina um grupo de variações, de multiplicidades como passíveis de serem representadas ou pensadas, estando a diferença sempre a serviço de uma identidade primeira, de uma referência absoluta de inteligibilidade; 2) ou se pensa, como Leibniz, a partir das próprias variações, das multiplicidades em sua capacidade de gerar sentido independentemente do ponto fixo absoluto, pois, neste caso, é a própria variação que produz a semelhança, a identidade, é a própria diferença que instaura pontos de paradas como movimentos infinitamente pequenos, que encontra momentos de fixidez e invariâncias relativas. Nesse horizonte, o fundamento, os centros, os invariantes não são primeiros, não são referências sem as quais nenhum sentido seria possível, ao contrário, todo ponto, todo termo é secundário, produto ou efeito de uma distribuição, de um campo em variação, de uma experiência real (não possível) das diferenças. Quando Leibniz começa ele sempre adia o começo, explora um campo de multiplicidades diversas (o conjunto de mônadas, as micro-percepções, as gradações nuançadas das ideias no entendimento, etc.), pluraliza os pontos de vista, faz variar as relações, as expressões entre eles e transfere a origem para o plano icnográfico, para o ponto ao infinito como coleção de todos os pontos de referência, de todas as cenografias, não como a referência absoluta. Leibniz – ao criticar o método cartesiano, que se apoia na necessidade do invariante absoluto para pensar as variações – compõe justamente uma das grandes tentativas de produzir um pensamento que se recusa a julgar a multiplicidade ou a diferença em nome da identidade primeira, de um ponto fixo absoluto, de um limite do pensável ou da experiência. Sendo assim, no espírito da filosofia de Leibniz, esse trabalho busca desenhar a rede, o plano, as distribuições do mundo leibniziano, ou melhor, ele busca anunciar a multiplicidade liberada do primado do ponto fixo segundo os traços das variações leibnizianas.
Abstract: When a philosophy begins, it starts from a field in profusion, without ready coordinates, full of infinite variations, on which it will project a plan, draw an orientation, a specific distribution. Every philosophy begins where there is still no philosophy of the cogito, of the fixed point, of the individual, of any term that would paralyze a discourse within an established limit, in an inviolable territory, in a center. Every philosophy begins in a multiplicity, in an impassive difference, and every beginning says practically everything about how a philosopher thinks about that multiplicity and how he configures that difference. At the outset, there are at least two ways for a philosopher to start: 1) or, like Descartes, the space of variations is rejected in the name of a fixed invariant, of a first condition of experience, of a fundamental, original and unshakable point around which every movement of thought must rotate, in relation to which everything must be judged in the image and likeness. In this scenario, all distribution, all separation from what matters and does not matter, from what guides the spirit, goes in only one direction and prevents the multiplicity from rising, since it is the center of meaning, the invariant that commands the action, that prejudices, that determines a group of variations, of multiplicities as capable of being represented or thought, the difference always being at the service of a previous identity, of an absolute reference of intelligibility; 2) or think, as Leibniz, from the variations themselves, from the multiplicities in their capacity to generate meaning regardless of the absolute fixed point, because, in this case, it is the variation itself that produces the similarity, the identity, is the difference itself which establishes points of stops as infinitely small movements, which finds moments of fixity and relative invariance. In this horizon, the foundation, the centers, the invariants are not first, they are not references without which no sense would be possible, on the contrary, every point, every term is secondary, product or effect of a distribution, of a field in variation, of a real (not possible) experience of differences. When Leibniz starts he always postpones the beginning, explores a field of diverse multiplicities (the set of monads, micro-perceptions, nuanced gradations of ideas in the understanding, etc.), pluralizes points of view, makes relations, expressions between them and transfers the origin to the icnographic plane, to the point to infinity as a collection of all points of reference, of all scenographies, not as the absolute reference. Leibniz - in criticizing the Cartesian method, which is based on the need for the absolute invariant to think about variations - is precisely one of the great attempts to produce a thought that refuses to judge multiplicity or difference in the name of the previous identity, from a point absolute fixed, a limit of the thinkable or the experience. Thus, in the spirit of Leibniz's philosophy, this work seeks to design the network, the plan, the distributions of the Leibnizian world, or rather, it seeks to announce the multiplicity liberated from the primacy of the fixed point according to the features of Leibnizian variations.
Palavras-chave: Invariants
Philosophy, German
Descartes, René, 1596-1650
Leibniz, Gottfried Wilhelm, Freiherr von, 1646-1716
Filosofia alemã
Invariantes
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA::EPISTEMOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Programa: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Citação: MAIA, Caetano Torelli de Mello. Variações leibnizianas. 2021. 228 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Rio de Janeiro 2021 .
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16850
Data de defesa: 25-Mai-2021
Aparece nas coleções:Mestrado em Filosofia

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