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Tipo do documento: Tese
Título: Incantatrix tropical: bruxaria e resistência feminina no Brasil colonial
Título(s) alternativo(s): Incantatrix tropicale: sorcellerie et résistance féminine dans le Brésil colonial
Autor: Messias, Maria Cláudia Novaes 
Primeiro orientador: Jacó-Vilela, Ana Maria
Primeiro membro da banca: Uziel, Anna Paula
Segundo membro da banca: Facchinetti, Cristiana
Terceiro membro da banca: Scherman, Patricia Viviana
Quarto membro da banca: Castro, Alexandre de Carvalho
Resumo: Neste trabalho, a partir da perspectiva da história das mulheres e das relações de gênero, procurou-se compreender os discursos e as práticas das mulheres, tanto quanto o imaginário produzido sobre o feminino durante o período colonial brasileiro, através da análise do fenômeno da bruxaria e de sua perseguição pelo Tribunal da Santa Inquisição. Tendo as crises e transformações profundas e irreversíveis da Modernidade como pano de fundo, a construção do estereótipo da bruxaria diabólica e a consequente perseguição marcaram o caminho das mulheres. A intolerância em relação a elas foi diretamente proporcional à desestruturação do feudalismo e da unidade religiosa católica, com a Reforma Protestante; seguida pela expansão do capitalismo mercantilista, a construção do sistema colonial, o fortalecimento das monarquias absolutistas modernas e a reorganização estrutural da Igreja, através da Contra-Reforma. Assim, entre o século XV e meados do século XVIII, estes acontecimentos se desenrolaram ao mesmo tempo em que as fogueiras foram acesas para as mulheres consideradas bruxas diabólicas em toda a Europa. Esta repressão sistemática ao feminino jamais havia ocorrido e, pode-se considerar que a perseguição às mulheres foi, fundamentalmente, uma perseguição aos saberes e costumes tradicionais das camadas populares. A história das mulheres como resistência emerge, assim, demonstrando os seus poderes ocultos e difusos; e a história da bruxaria e da perseguição às mulheres-bruxas no Brasil colonial que se pôde contar, através das fontes aqui analisadas, é uma história de conflitos, de marginalização e criminalização da cultura popular, de misoginia e tentativa de “adestramento” das mulheres às normas e aos interesses das camadas dominantes, mas é também a história da formação de um povo, a partir da interrelação entre diferentes culturas e etnias, de sua religiosidade sincrética, de seus saberes ancestrais e das mulheres, mulheres comuns, construindo estratégias cotidianas de resistência e subversão aos mecanismos de opressão de gênero, classe e raça, agravados nesta sociedade colonial, marcada pela exploração tanto da terra quanto pela escravização e genocídio dos povos nativos e dos africanos. O estudo da bruxaria e das práticas mágicas, seus usos e a repressão que sofreram, guarda em si um grande potencial para lançar luz sobre a história do cotidiano e da religiosidade colonial, mas, sobretudo, sobre a história das mulheres e seus poderes subterrâneos. Neste sentido, o objeto de estudo deste trabalho foram as mulheres e os usos que elas fizeram das Práticas Mágicas e de Bruxaria em suas estratégias cotidianas para resistir as tentativas constantes de dominação pelas instituições de poder masculinas, assim como, através destas, sobreviverem, construindo espaços, ainda que limitados e temporários, de liberdade, de autonomia e solidariedade entre elas, no contexto do período colonial no Brasil.
Abstract: Dans ce travail, dans la perspective de l'histoire des femmes et des relations de genre, nous avons cherché à comprendre les discours et les pratiques des femmes, ainsi que l'imaginaire produit sur le féminin pendant la période coloniale brésilienne, à travers l'analyse du phénomène de la sorcellerie et de sa persécution par le tribunal de la Sainte Inquisition. Avec en toile de fond les crises et les transformations profondes et irréversibles de la Modernité, la construction du stéréotype de la sorcellerie diabolique et les persécutions qui en découlent ont marqué le parcours des femmes. L'intolérance à leur égard était directement proportionnelle à la déstructuration du féodalisme et de l'unité religieuse catholique, avec la Réforme Protestante; suivie par l'expansion du capitalisme mercantiliste, la construction du système colonial, le renforcement des monarchies absolutistes modernes et la réorganisation structurelle de l'Église, à travers la Contre-Réforme. Ainsi, entre le 15e siècle et le milieu du 18e siècle, ces événements se sont déroulés en même temps que des feux de joie étaient allumés pour les femmes considérées comme des sorcières diaboliques dans toute l'Europe. Cette répression systématique du féminin n'avait jamais eu lieu auparavant, et l'on peut considérer que la persécution des femmes était fondamentalement une persécution des savoirs et coutumes traditionnels des classes populaires. L'histoire des femmes en tant que résistantes émerge en démontrant leurs pouvoirs cachés et diffus. L'histoire de la sorcellerie et de la persécution des sorcières dans le Brésil colonial, qui pourrait être racontée à travers les sources analysées ici, est une histoire de conflits, de marginalisation et de criminalisation de la culture populaire, de misogynie et de tentative de "former" les femmes aux normes et aux intérêts des classes dominantes, mais c'est aussi l'histoire de la formation d'un peuple, de l'interrelation entre les différentes cultures et ethnies, de leur religiosité syncrétique, de leurs connaissances ancestrales et des femmes, des femmes communes, construisant quotidiennement des stratégies de résistance et de subversion aux mécanismes d'oppression de genre, de classe et de race, aggravés dans cette société coloniale, marquée par l'exploitation de la terre ainsi que par l'esclavage et le génocide des peuples indigènes et des Africains. L'étude de la sorcellerie et des pratiques magiques, de leurs usages et de la répression qu'elles ont subie, recèle en soi un grand potentiel d'éclairage sur l'histoire de la vie quotidienne et de la religiosité coloniale, mais surtout sur l'histoire des femmes et de leurs pouvoirs souterrains. En ce sens, l'objet d'étude de ce travail était les femmes et l'utilisation qu'elles faisaient des pratiques magiques et de la sorcellerie dans leurs stratégies quotidiennes pour résister aux tentatives constantes de domination des institutions de pouvoir masculines, ainsi que, à travers celles-ci, survivre, en construisant des espaces, même si limités et temporaires, de liberté, d'autonomie et de solidarité entre elles, dans le contexte de la période coloniale au Brésil.
Palavras-chave: Femmes
Sorcellerie
Brésil colonial
Résistance
Subjectivité
Psicologia Social
Mulheres
Feitiçaria
Mulheres
Bruxaria
Brasil colonial
Resistência
Subjetividade
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA::FUNDAMENTOS E MEDIDAS DA PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Programa: Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Citação: MESSIAS, Maria Cláudia Novaes. Incantatrix tropical: bruxaria e resistência feminina no Brasil colonial. 2021. 321 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social) - Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Endereço da licença: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17632
Data de defesa: 20-Dez-2021
Aparece nas coleções:Doutorado em Psicologia Social

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