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Tipo do documento: Dissertação
Título: Do corpo colonizado ao corpo humanizado: trajetórias e percepções acerca do cuidado perinatal e agência feminina negra
Título(s) alternativo(s): From the colonized body to the humanized body: trajectories and perceptions about perinatal care and black female agency
Autor: Santos, Ariana de Souza Rodrigues dos 
Primeiro orientador: Cárdenas, Claudia Mercedes Mora
Primeiro coorientador: Lowenkron, Laura
Segundo membro da banca: Silva, Ana Paula da
Terceiro membro da banca: Oliveira, Roberta Gondim de
Resumo: O tráfico transatlântico de seres humanos, e posteriormente a escravização de povos originários da África, foram responsáveis por estabelecer um sistema de hierarquização, em que pessoas de pele negra seriam inferiorizadas diante de pessoas de pele branca. Dentre os escravizados, destacamos a figura da mulher preta. O corpo feminino negro além de carregar consigo os estigmas da inferioridade da raça, teve seu ventre usado como ferramenta de continuidade do sistema de exploração. Mesmo após a abolição no país, a lógica colonial garantiu a perpetuação da desumanização, humilhação e submissão dessas mulheres. Refletir sobre os estigmas e representações do corpo feminino negro nos fez compreender melhor as estruturas e políticas eugenistas sobre as quais foi construído o cuidado perinatal da mulher negra, que ainda é marcado por inúmeras iniquidades. Partindo do pressuposto de que os negros também foram capazes de questionar, se organizar e gerar transformações no tipo de cuidado em saúde dispensado às mulheres, concentrei-me na categoria “agência feminina negra” e busquei estabelecer um diálogo a partir da perspectiva da Interseccionalidade. A fonte empírica da pesquisa foram seis entrevistas realizadas nos moldes do procedimento de histórias de vida junto a mulheres negras que, através de sua agência individual ou de sua inserção em processos de mudança coletiva, fortalecem e promovem transformações no cuidado perinatal na região do estado do Rio de janeiro bem como no âmbito federal em alguns casos. Através de suas narrativas procurei identificar como ocorrem as transformações no sistema de saúde em uma esfera macro ou micro social, com ênfase no cuidado das mulheres negras. A análise permitiu perceber que as violências provocadas pelo sexismo e atravessadas por outras formas de opressão marcam a história de muitas interlocutoras. Assim, para questionarem um sistema que lhes foi apresentado como único e imutável, foram necessárias articulações e elaborações de estratégias de agência. Esta constante negociação em meio às relações de poder, mostraram-se como um modus operandi da maioria das mulheres negras, nos levando à reflexão de que a restituição social de nossa humanidade exige um olhar interseccional e não hierarquizante sobre as avenidas identitárias que atravessam o corpo negro e que ditarão o percurso das relações entre essa mulher e o mundo. O despertar da agência feminina negra se inicia a partir de sua libertação mental, mas também será atravessado e influenciado pela capacidade de reconhecimento e valorização de sua ancestralidade, bem como o aprimoramento dos saberes compartilhados; a emancipação pautada na estruturação de sua inteligência emocional e competência intelectual; além da negação do sujeito universal para o pleno reconhecimento do seu direito a ocupar o “lugar da humanidade” seja ele físico ou social. Tais elaborações permitirão, que as mulheres negras possam reconhecer-se sujeitos políticos, estabelecendo negociações que reagem à lógica que as oprime, ao mesmo tempo em que geram transformações políticas e sociais, que promovam uma verdadeira democracia social, econômica, cultural e racial.
Abstract: The transatlantic trafficking of human beings, and later the enslavement of people from Africa, were responsible for establishing a system of hierarchization, in which people with black skin would be inferior to people with white skin. Among the enslaved, we highlight the figure of the black woman. The black female body, in addition to carrying the stigmas of the inferiority of the race, had their wombs used as a tool for the continuity of the exploitation system. Even after abolition in the Brasil, colonial logic guaranteed the perpetuation of these women 's dehumanization, humiliation and submission. Reflecting on the stigmas and representations of the black female body, made us understand the eugenic structures and policies on which the perinatal care of black women were built, which are still marked by countless inequities. Assuming that blacks were also able to question, organize and generate changes in the type of health care provided to women, I focused on the category “black female agency” and established a dialogue from the perspective of Intersectionality .The empirical source of the research were six interviews based on the method stories of life, with black women who through their individual agency or their insertion in collective change processes, strengthen and promote transformations in perinatal care in the state of Rio de Janeiro as well as at the federal level in some cases. Through their narratives I tried to identify how transformations in the health system occur in a macro or micro social sphere, with emphasis on the care of black women. The analysis showed that the violence caused by sexism and crossed by other forms of oppression marks the history of many interlocutors. Thus, to question a system that was presented to them as unique and immutable, articulations and elaboration of agency strategies were necessary. This constant negotiation in power relations, proved to be a modus operandi of most black women, leading us to the reflection that the social restitution of our humanity requires an intersectional and non-hierarchical look at the identities that crosses the black body and that will dictate the course of relations between this woman and the world. The awakening of the black female agency begins with their mental liberation, but it will also be crossed and influenced by the ability to recognize and value their ancestry, as well as the improvement of shared knowledge; emancipation based on the structuring of their emotional intelligence and intellectual competence; in addition to the denial of the “universal subject” for the recognition of their right to occupy the “place of humanity”, being physical or social. Such elaborations will allow black women to recognize themselves as political subjects, establishing negotiations that react to the logic that oppresses them, while generating political and social transformations, that promote a true social, economic, cultural and racial democracy.
Palavras-chave: Racism
Women's health
African continental ancestry group
Intersectionality
Perinatal care
Pregnancy
Racismo
Saúde da mulher
Grupo com ancestrais do continente africano
Interseccionalidade
Assistência perinatal
Gravidez
Área(s) do CNPq: CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
Programa: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Citação: SANTOS, Ariana de Souza Rodrigues dos. Do corpo colonizado ao corpo humanizado: trajetórias e percepções acerca do cuidado perinatal e agência feminina negra. 2020. 128 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17675
Data de defesa: 29-Jun-2020
Aparece nas coleções:Mestrado em Saúde Coletiva

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