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Tipo do documento: Dissertação
Título: Mobilidade discursiva: considerações sobre a leitura heideggeriana da Retórica de Aristóteles
Título(s) alternativo(s): Discursive mobility: considerations on the Heideggerian reading of Aristotle's Rhetoric
Autor: Pereira, Pedro Durão Duprat 
Primeiro orientador: Ferreira Junior, Paulo Cesar Gil
Primeiro membro da banca: Palmeiro, Tito Marques
Segundo membro da banca: Sena, Sandro Márcio Moura de
Resumo: Este trabalho trata de dois modos de interpretação distintos da Retórica de Aristóteles. Uma das leituras investigada parte dos estudos do filósofo Martin Heidegger, centrando-se em sua preleção de 1924, que posteriormente foi publicada pelo nome de Grundbegriffe der aristotelischen Philosophie (Os conceitos fundamentais da filosofia de Aristóteles). O autor traz contribuições relevantes e originais sobre o assunto, levando à temática da retórica a uma descrição ontológica divergente da apropriação conceitual dada pela tradição. A retórica é mostrada como pertencente ao logos; os conceitos fundamentais dessa atividade são investigados à luz da transparência dos modos de ser pelos quais o dizer se anuncia. O discurso é descrito por Heidegger pela precedência de um horizonte hermenêutico que transcende o orador, constituído por opiniões prévias que sustentam o desdobramento do dito. Uma situação de discurso específica, em meio à qual o orador diz algo para um público determinado é sempre radicada por um sentido de ser compartilhado. Esse horizonte compreensivo deve ser cultivado pelo orador para que a atividade da retórica ganhe mobilidade, justamente no apelo às opiniões que o porvir discursivo é encaminhado. O destaque à dynamis na leitura de Heidegger dá acento às possibilidades do dizer retórico, pautada na mobilização das opiniões que sustentam uma situação específica. A atenção adequada do orador à compreensão do que o circunda é a condição de possibilidade para o encontro do porvir discursivo. Outro tipo de interpretação parte do comprometimento que a retórica tem com a techne. Desse modo, a explicação do que é a techne é necessária para justificar como os respectivos recursos argumentativos descritos na Retórica estão articulados. Aristóteles indica que a retórica pode ser mediada por meio de um método através do qual os meios de persuasão podem ser encadeados. As provas calcadas no logos, pathos e ethos são investigadas enquanto meios direcionados aos fins, que devem ser estudadas pelo orador para que os meios sejam dispostos de forma adequada. Enquanto um tipo de conhecimento que tem por vista o discurso retórico, a techne é fundamentada a partir da noção metafísica de Aristóteles das quatro causas. Tais explicações causais colaboram para uma elucidação do conceito da techne. As indicações contingentes do ser da retórica são articuladas pela justificação metafísica que dá integralidade epistêmica a essa atividade. Apesar de esses dois tipos de intepretação da retórica serem antagónicos em muitos pontos, não devem ser excludentes; a ontologia retórica descrita por Heidegger é apontada enquanto primária à teorização do discurso baseada numa fundamentação metafísica da techne. O pertencimento da retórica ao discurso habitual é investigado por Heidegger enquanto a prova primária e mais evidente na qual tal fenômeno transcorre. Apenas de forma derivada, marcada por um distanciamento teórico do acontecimento do discurso, a retórica pode ser interpretada pela techne. Tanto a recontextualização de suas condições de emergência quanto a colocação de seus fundamentos são a chave para uma compreensão mais abrangente da retórica.
Abstract: This work deals with two distinct modes of interpretation of Aristotle's Rhetoric. One of the readings investigated starts from the studies of the philosopher Martin Heidegger, focusing on his 1924 lecture, which was later published under the name Grundbegriffe der aristotelischen Philosophie (The fundamental concepts of Aristotle's philosophy). The author brings relevant and original contributions on the subject, taking the theme of rhetoric to a divergent ontological description of the conceptual appropriation given by tradition. Rhetoric is shown as belonging to logos, the fundamental concepts of this activity are investigated in the light of the transparency of the ways of being through which saying is announced. Discourse is described by Heidegger as the precedence of a hermeneutic horizon that transcends the speaker, consisting of previous opinions that support the unfolding of what is said. A specific speech situation, in which the speaker says something to a specific audience, is always rooted in a sense of being shared. This comprehensive horizon must be cultivated by the speaker so that the activity of rhetoric gains mobility, precisely in the appeal to opinions that the discursive future is forwarded. The emphasis on dynamis in Heidegger's reading emphasizes the possibilities of rhetorical saying, based on the mobilization of opinions that support a specific situation. The adequate attention of the speaker and the understanding of his surroundings is the condition of possibility for the encounter of the incoming discourse. Another type of interpretation starts from the commitment that rhetoric has with techne. Thus, the explanation of “what techne is” is necessary to justify how the respective argumentative resources described in Rhetoric are articulated. Aristotle indicates that rhetoric can be mediated through a method through which the means of persuasion can be chained together. The evidence based on logos, pathos and ethos is investigated as means directed to ends, which must be studied by the speaker so that the means are properly arranged. As a type of knowledge aimed at rhetorical discourse, techne is founded on Aristotle's metaphysical notion of the four causes. Such causal explanations corroborate an elucidation of the concept of techne. The contingent indications of the being of rhetoric are articulated by the metaphysical justification that gives epistemic integrality to this activity. Although these two types of interpretation of rhetoric are antagonistic in many points, they should not be mutually exclusive; a rhetorical ontology applied by Heidegger is pointed out as primary to the theorizing of discourse based on a metaphysical foundation of techne. The belonging of rhetoric to habitual discourse is investigated by Heidegger as the primary and most evident proof in which this phenomenon takes place. Only in a derivative way, marked by a theoretical detachment from the event of discourse, that rhetoric can be interpreted by techne. Both the recontextualization of its emergency conditions and the laying of its foundations are the key to a more embracing understanding of rhetoric.
Palavras-chave: Rhetoric
Discourse
Hermeneutics
Retórica
Discurso
Hermenêutica
Techne
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA::METAFISICA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Programa: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Citação: DURÃO, Pedro D. Mobilidade discursiva: considerações sobre a leitura heideggeriana da Retórica de Aristóteles. 2022. 215 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18974
Data de defesa: 31-Mar-2022
Aparece nas coleções:Mestrado em Filosofia

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