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Tipo do documento: Tese
Título: O aparecimento do sujeito da injustiça no contexto transicional brasileiro. Caravanas de Anistia: aproximações a uma proposta anamnética de justiça?
Título(s) alternativo(s): La emergencia del sujeto de la injusticia en el contexto transicional brasileño
Autor: Maymone, Fernanda Telha Ferreira 
Primeiro orientador: Assy, Bethânia de Albuquerque
Primeiro coorientador: Falbo, Ricardo Nery
Primeiro membro da banca: Cunha, José Ricardo
Segundo membro da banca: Mendes, Alexandre Fabiano
Terceiro membro da banca: Justino, Diogo Pinheiro
Quarto membro da banca: Ferreira, Natalia Damázio Pinto
Resumo: A versão dos acontecimentos contada por quem viveu em seu próprio corpo uma experiência de violência carrega uma verdade privilegiada. Quando a voz desse sujeito aparece, descama-se a superfície plácida da história factual. É a partir de tal narrativa que o interior da violação é conhecido. O campo multidisciplinar da Justiça de Transição articula um encontro entre o passado — quando ocorreram as violações — e o presente — contido nos testemunhos — por meio de mecanismos e ferramentas que objetivam realizar um acerto de contas, accountability, em países atravessados pela quebra de confiança entre o estado e seus membros. O espaço dado às vítimas, no entanto, não se apresenta como uma escolha óbvia. A narrativa testemunhal apresenta um atributo que causa constrangimento público potente e, por isso, veremos que se torna alvo de enfraquecimento por diferentes agentes, que intentam promover estratégias políticas de esquecimento. Nesse contexto, o direito pode ser cooptado pelos agentes, usado como ferramenta de legitimação desse esquecimento. O direito e seus elementos têm sido preenchidos por uma racionalidade positivista, que elege a objetividade como forma superior, expulsando a vítima (e, principalmente, seus sofrimentos) do centro da violação. Esta tese apresenta uma postura crítica frente a essa hipótese e a relevância da narrativa testemunhal, além de como esta revela uma crise no direito, quando se acentua o sofrimento da vítima (por seu eclipsamento) em vez de acolher e responder à injustiça a ela causada. O presente conteúdo mostrará que há um recolhimento da vítima, causado por ferramentas do procedimento jurídico, evidenciando uma falha operada por um direito comprometido mais com a ordem jurídica do que com o indivíduo concreto por trás da violação. Ainda, observará a articulação benjaminiana entre memória, política e justiça (em uma concepção anamnética introduzida por Reyes Mate, de uma justiça que nasce de dentro das injustiças). Também pontuará como os mecanismos transicionais, paradoxalmente, colaboram com o apagamento das vítimas, quando aderem aos meios do direito tal qual ferramenta de promoção da justiça, reproduzindo os mesmos efeitos por ele articulados. Na experiência transicional brasileira, serão abordadas as Caravanas de Anistia, no Brasil, que adequaram o que seria um espaço de julgamento de requerimentos de reparação dos afetados pela violência da ditadura militar brasileira (1964-1985) às demandas subjetivas desses indivíduos. Entre vários mecanismos transicionais mobilizados ao longo dos anos, essas Caravanas aparecem como um mecanismo paradigmático na medida em que mais teriam se aproximado da concepção anamnética de justiça. Por meio da análise do funcionamento das Caravanas, é possível observar que a forma jurídica (presente nos requerimentos apresentados por via administrativa) aprisionaria a versão das vítimas nos volumosos processos e provas. No exemplo das Caravanas, foi aberto um espaço de escuta fora do direito, mas a ele subsidiário, estabelecendo uma relação de complementaridade benéfica aos afetados, tanto na dimensão da reparação material quanto na da reparação simbólica, e psíquica, na elaboração do trauma. Em comparação às demais ferramentas de transição, conclui-se como a mais disposta em costurar essas histórias ao tecido social, promovendo acolhimento, ressonância e justiça às vítimas.
Abstract: La versión de los hechos contada por quienes vivieron en sus propios cuerpos una experiencia de violencia conlleva una verdad privilegiada. Cuando aparece la voz de este sujeto, la plácida superficie de la historia fáctica se despega. Es a partir de esta narrativa que se conoce el interior de la violación, abriendo interrogantes necesarios para el violador. Existe un estrechamiento entre el presente contenido en estas preguntas y el pasado en el que ocurrieron las violaciones. El campo multidisciplinario de la Justicia Transicional articula este encuentro entre pasado y presente, a través de mecanismos y herramientas, que apuntan a la liquidación de cuentas, la rendición de cuentas, en países atravesados por el abuso de confianza entre un Estado (por sus acciones abusivas) y sus miembros. El espacio otorgado a las víctimas para contar lo que les sucedió, sin embargo, no se presenta como una opción obvia entre las herramientas de este ajuste. La narrativa testimonial tiene un atributo provocador y revelador. Provoca una fuerte coacción pública y, por tanto, veremos que se convierte en blanco de debilitamiento por parte de distintos agentes, que promueven su embotamiento a través de estrategias políticas de olvido. Demostraremos que la ley puede ser cooptada por estos agentes y puede ser utilizada como herramienta para legitimar este olvido. La ley y sus elementos se han cumplido con una racionalidad positivista, que elige la objetividad como forma superior, expulsando a la víctima (y especialmente a sus sufrimientos) del centro de la violación. En este trabajo adoptamos una postura crítica frente a esta hipótesis. Presento la relevancia de la narrativa testimonial, y cómo revela una crisis en la ley, cuando el sufrimiento de la víctima se acentúa (por su eclipse) en lugar de aceptar y responder a la injusticia que se le ocasiona. Demuestro que hay un retraimiento de la víctima, provocado por herramientas del proceso judicial, evidenciando una falta de justicia operada por un derecho comprometido más con el orden jurídico que con el individuo concreto detrás de la violación. Se presentará la articulación de Benjamín entre memoria (como método de acceso a circunstancias de violación pasada), política y justicia (en una concepción ananética introducida por Reyes Mate, de una justicia nacida de las injusticias). Presento cómo los mecanismos transicionales, aunque pretenden hacer justicia a las víctimas, paradójicamente, colaboran con su borrado, cuando se adhieren a los medios de la ley como herramienta para promover la justicia, reproduciendo los mismos efectos articulados por ella. En la experiencia de transición brasileña, destaco las Caravanas de Amnistía, en Brasil, que adaptaron lo que sería un espacio para juzgar las solicitudes de reparación de los afectados por la violencia de la dictadura militar brasileña (1964-1985) a las demandas subjetivas de estos individuos. para narrar sus sufrimientos en el espacio público. Entre varios mecanismos de transición movilizados a lo largo de los años, muestro cómo estas Caravanas aparecen como un mecanismo paradigmático en el sentido de que se habrían acercado a la concepción anamnética de la justicia. A través del análisis del funcionamiento de las Caravanas, es posible observar que la forma jurídica (presentes solicitudes presentadas por vía administrativa) aprisionaría la versión de las víctimas, en los voluminosos procesos y pruebas. En el ejemplo de Caravanas, veremos que se abrió un espacio de escucha para que los afectados expongan sus sufrimientos, un espacio ajeno a la ley, pero subsidiaria de ella, estableciendo una relación de complementariedad beneficiosa con los afectados, tanto en la dimensión material. reparación y en la dimensión de reparación simbólica y psicológica, en la elaboración del trauma. En comparación con las otras herramientas de transición, concluí, por tanto, como la más dispuesta a coser estas historias al tejido social, promoviendo la aceptación, resonancia y justicia para las víctimas.
Palavras-chave: Testimonio
Testemunho
Memória
Direito
Justiça de Transição
Memoria
Derecho
Justicia Transicional
Área(s) do CNPq: CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::DIREITO::DIREITO PRIVADO::DIREITO CIVIL
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Ciências Sociais::Faculdade de Direito
Programa: Programa de Pós-Graduação em Direito
Citação: MAYMONE, Fernanda Telha Ferreira. O aparecimento do sujeito da injustiça no contexto transicional brasileiro. Caravanas de Anistia: aproximações a uma proposta anamnética de justiça?. 2022. 189 f. Tese (Doutorado em Direito) - Faculdade de Direito, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19105
Data de defesa: 24-Mar-2022
Aparece nas coleções:Doutorado em Direito

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