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Tipo do documento: Dissertação
Título: "Ela não pode ser pai?": um estudo sobre a transparentalidade a partir de três casos de mulheres trans
Título(s) alternativo(s): "Can't she be a father?": a study on transparenting based on three cases of trans women
Autor: Zarif, Sessiz 
Primeiro orientador: Lowenkron, Laura
Primeiro membro da banca: Carrara, Sérgio Luís
Segundo membro da banca: Uziel, Anna Paula
Terceiro membro da banca: Jesus, Jaqueline Gomes de
Resumo: Este trabalho analisa vivências parentais de mulheres trans, e utiliza a categoria analítica de transparentalidade. As pessoas trans, bem como as suas vidas, as suas percepções de si e os seus relacionamentos, principalmente com seus familiares, são inquestionavelmente marcados por um dos valores hegemonicamente estabelecidos na sociedade brasileira, chamado neste trabalho de cisheteronormatividade compulsória. Em paralelo a isso, o rápido avanço de tecnologias de comunicação das últimas décadas permitiu que cada vez mais pessoas acessassem internet, canais de televisão e outras ferramentas que viabilizam o conhecimento de diversas e diferentes informações e concepções de mundo, portanto de possibilidades de ser e estar no mundo. Essa maior acessibilidade torna mais visíveis as narrativas acerca das experiências de vidas não hegemônicas, como as de pessoas trans, que são representadas até hoje quase que exclusivamente pelos vieses e falas de pessoas cisgêneras. Tais representações são muito recorrentemente pejorativas, reiterando estigmas a elas associados, de abjetas, pecaminosas, doentias, criminosas, sofridas, vítimas, anormais, controversas e desprovidas de autonomia; e salientando vínculos de pessoas trans com temáticas de HIV/AIDS, prostituição, violência, criminalidade e marginalização. No entanto, desde os anos finais do século XX, as pessoas trans estão gozando de alguma possibilidade de falar por conta própria e de si próprias, quando, por exemplo, são convidadas a participar de documentários e programas de auditório de televisão, ou quando publicam vídeos e textos com seus próprios relatos e reflexões na internet. E este trabalho pretende analisar esses registros públicos dessas narrativas sobre mulheres trans que foram feitas por elas mesmas, enaltecendo suas falas. Mais especificamente, serão analisados os registros que tratam de casos de mulheres trans que exercem a parentalidade e em tais registros falam sobre como a transparentalidade afeta suas experiências de vida, suas identidades e seus relacionamentos. Cabe ressaltar que este trabalho é feito a partir da perspectiva de uma pesquisadora que também se configura como uma pessoa trans, que em sua subjetividade se enuncia como uma mulher transgênera não binária. Sem a pretensão de esgotar a discussão do tema com respostas que se presumam universalizantes ou desmistificadoras, busca-se levantar questões que permitam pensar como mulheres trans experimentam a parentalidade, por exemplo, ao enunciar a si mesmas como pais de seus filhos, numa peculiar forma de autoafirmação que foge a uma perspectiva binária de gênero, imposta pela cisheteronormatividade compulsória. Para tanto, será feita uma pesquisa qualitativa que se baseia na análise de registros textuais e audiovisuais que se encontram disponíveis para acesso público acerca de três mulheres trans. Tais registros consistem em documentários, entrevistas, participações em programas de auditório, falas em congressos, publicações textuais e autobiografias, nos quais tais mulheres trans e seus parentes dão relatos de suas vivências e percepções de mundo a respeito da temática da transparentalidade e questões outras que atravessem tal tema. Buscamos verificar a existência de tensão entre a trajetória de construção de identidade de gênero e as vivências parentais dessas mulheres trans que, concluímos, vivenciam uma parentalidade hierarquizada que nomeamos de parentalidade curinga.
Abstract: This work analyzes parenting experiences of trans women, and uses the analytical category of transparenting. Trans people, as well as their lives, their perceptions of themselves and their relationships, especially with their families, are unquestionably marked by one of the hegemonically established values ​​in Brazilian society, called in this work compulsory cisheteronormativity. In parallel to this, the rapid advancement of communication technologies in recent decades has allowed more and more people to access the internet, television channels and other tools that enable the acquisition of diverse information and worldviews, therefore making it possible to live different lives. This greater accessibility makes narratives about non-hegemonic life experiences more visible, such as those of trans people, which are represented until today almost exclusively by the biases and speeches of cisgender people. Such representations are recurrently pejorative, reiterating stigmas associated with trans people, such as: abject, sinful, sick, criminal, victims and devoid of autonomy. These representations also reiterate the link between trans people and subjects such as HIV/AIDS, prostitution, violence, criminality and marginalization. However, since the final years of the 20th century, trans people have been enjoying some possibility of speaking on their own and about themselves, when, for example, they are invited to participate in documentaries and television auditorium programs, or when they publish videos and texts with their own reports and reflections on the internet. And this work intends to praise the speeches of trans women, by analyzing these public records of these narratives about trans women that were made by themselves. This work will analyze records dealing with cases of trans women who exercise parenthood, in which they talk about how transparenting affects their life experiences, their identities and their relationships. It should be noted that this work is done from the perspective of a researcher who also configures herself as a trans person, who enunciates herself as a non-binary trans woman. Without intending to exhaust the discussion of the subject with answers that are presumed to be universal or demystifying, the aim of this work is to raise questions that allow thinking about how trans women experience parenthood, for example, when enunciating themselves as fathers of their children, in a peculiar way of self-affirmation that escapes a binary perspective of gender, imposed by compulsory cisheteronormativity. A qualitative research will be carried out based on the analysis of textual and audiovisual records that are available for public access about three trans women. Such records consist of documentaries, interviews, participation in auditorium programs, speeches at congresses, textual publications and autobiographies, in which such trans women and their relatives give reports of their experiences and perceptions of the world regarding the theme of transparenting and other themes that relate to this topic. We seek to verify the existence of tension between the trajectory of construction of gender identity and the parenting experiences of these trans women who, we conclude, experience a hierarchical parenting that we call joker parenting.
Palavras-chave: Transparenting
Parenting
Maternity
Transsexual
Transgender
Transparentalidade
Parentalidade
Maternidade
Transexual
Transgênero
Área(s) do CNPq: CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Programa: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Citação: ZARIF, Sessiz. "Ela não pode ser pai?": um estudo sobre a transparentalidade a partir de três casos de mulheres trans. 2023. 173 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19450
Data de defesa: 6-Jan-2023
Aparece nas coleções:Mestrado em Saúde Coletiva

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