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Tipo do documento: Tese
Título: A psicanálise (sur)presa pela fotografia de moda: fetichismo e exibicionismo aos olhos da arte
Título(s) alternativo(s): La psychanalyse sur(prise) par la photographie de mode: fétichisme et exhibitionnisme au regard de l’art
The Psychoanalysis sur(prise) in fashion photography: fetishism and exhibitionism in an artistic approach
Autor: Greggio, Tarcísio Concolato 
Primeiro orientador: Jorge, Marco Antonio Coutinho
Primeiro coorientador: Vivès, Jean-Michel
Primeiro membro da banca: Lindenmeyer, Cristina
Segundo membro da banca: Chatelard, Daniela
Terceiro membro da banca: Rocha, Guilherme Massara
Quarto membro da banca: Pereira, Mario Eduardo Costa
Quinto membro da banca: Ligeiro, Vivian Martins
Resumo: A partir da fotografia de Helmut Newton, o objetivo de nosso trabalho é testar três hipóteses que, em seu conjunto, permitem localizar o instante em que o sujeito, recorrendo à montagem perversa, negocia com o olhar um objeto para seu desejo: uma hipótese sobre o fetichismo, outra sobre a pose (a maneira que encontramos para abordar o exibicionismo) e, por fim, uma hipótese que consiste em uma proposta de modelização da fruição estética. De caráter mais introdutório, o objetivo da primeira parte é investigar as relações entre a moda e sua fotografia, essa centenária que aos poucos reclama seus méritos nas galerias e na recepção erudita da arte. A segunda parte tem por finalidade apresentar o recorte teórico no qual estão ambientadas nossas hipóteses: a relação entre o olhar, o desejo e a fantasia que o sustenta. Na terceira parte, desenvolvemos nossas hipóteses sobre o fetichismo e sobre a pose. De um lado, há o fetichismo de quem olha, eternizado pela cultura na figura daquele sujeito fetichista de alguma peça de roupa. Contudo, há também o fetichismo de quem se veste e dá a ver, mencionado por Freud em 1909, mas geralmente ignorado pelos comentadores. Nossa hipótese: do lado de quem olha, o fetichismo se apresentaria, como na pintura, sob a forma de um dompte-regard, ideia desenvolvida por Lacan no Seminário 11; do lado quem veste e dá a ver, o fetichismo poderia ser compreendido à luz do efeito trompe-l'oeil. No terceiro capítulo dessa parte, o objetivo de propor que a pose é uma boa medida do que se passa entre a luz que um perverso quer acesa e a penumbra sem a qual um neurótico não suporta o objeto. A quarta e última parte da pesquisa está organizada em torno da seguinte questão: o que a fotografia de Newton pode nos ensinar sobre a própria fruição estética? Freud propôs uma teoria da fruição estética, segundo a qual a arte é capaz de capturar o sujeito através da comoção de sua fantasia inconsciente, permitindo-lhe gozar de suas fantasias sem censura e sem vergonha. Não parece ser o caso de uma fotografia como a de Newton, diante da qual o espectador encontra-se em um dilema: de um lado, é difícil negar a beleza da forma, a maneira pela qual a imagem captura o olhar do sujeito; de outro, a fruição mesma da imagem é acompanhada de um certo desconforto, de uma sensação de que não é correto seguir adiante. Nossa hipótese, desenvolvida ao longo dos quatro capítulos que encerram este trabalho, é a seguinte: a fotografia de Newton captura o espectador pela comoção de sua fantasia, como propõe Freud, mas ela a comove em um nível muito particular, onde a fantasia se confunde com as coordenadas perversas do desejo. Frequentemente, Newton dá a ver uma fotografia que, mais do que reproduzir uma cena caracterizada pelo exibicionismo ou pelo fetichismo, é capaz de engendrá-los no sujeito, produzindo uma espécie de conformidade entre o prazer propriamente estético e o gozo escópico em sua origem.
Abstract: En partant de la photographie d'Helmut Newton, le but de notre recherche est de tester trois hypothèses qui, dans son ensemble, nous permettent de repérer l’instant où le sujet, faisant appel au montage pervers, négocie avec le regard un objet pour son désir : une hypothèse sur le fétichisme, l’autre sur la pose (qui est notre façon d’aborder l’exhibitionnisme) et une dernière sur la modélisation de la jouissance esthétique. La première partie de notre travail a un caractère plus introductif ; son objectif est d'examiner la rencontre de la mode et de la photographie, une pratique séculaire qui progressivement revendique ses mérites dans les galeries et dans la réception érudite de l’art. La deuxième partie a pour finalité de présenter le cadrage théorique à partir duquel se déroulent nos hypothèses : la relation entre le regard, le désir et le fantasme qui le soutient. Dans la troisième partie, nous développons nos hypothèses sur le fétichisme et sur la pose. D'un côté, il y a le fétichisme de celui qui regarde, éternisé par la culture dans la figure d'un sujet qui fétichise une pièce de vêtement. Pourtant, il existe également le fétichisme de celui qui s’habille et donne à voir, mentionné par Freud en 1909 mais généralement ignoré par les commentateurs. Notre hypothèse : Du côté de celui qui regarde, le fétichisme se présenterait, comme dans la peinture, sous la forme d’un dompte-regard, idée développée par Lacan à l’occasion du Séminaire 11. Du côté de celui qui s’habille et donne à voir, le fétichisme pourrait être compris à la lumière de l'effet trompe-l'oeil. Ensuite, notre but est de proposer que la pose se trouve à équidistance entre la lumière allumée par un pervers et la pénombre sans laquelle un sujet névrotique ne supporte pas l'objet. La quatrième et dernière partie de notre travail est organisée autour de la question suivante : comment la photographie de Newton peut-t-elle nous enseigner sur la jouissance esthétique elle-même ? Freud a proposé une théorie de la jouissance esthétique selon laquelle l'art est capable de capturer le sujet à travers l'émoi de son fantasme inconscient, en lui permettant de jouir de ses fantasmes sans censure et sans honte. Il ne semble pas que ce soit le cas d'une photographie comme celle de Newton, devant laquelle le spectateur se trouve face à un dilemme : d'un côté, il est difficile de nier la beauté de la forme, la manière par laquelle l'image capture le regard du sujet ; de l'autre, la jouissance même de l'image est suivie d'un certain inconfort, d'une sensation telle qu’il n’est pas correct de continuer à en jouir. Notre hypothèse : la photographie de Newton capture le spectateur par l'émoi de son fantasme, comme le proposait Freud, mais elle l'émeut à un niveau très particulier, où le fantasme se confond avec les coordonnées pervers du désir. Souvent, Newton donne à voir une photographie qui, plus que de reproduire une scène caractérisée par l'exhibitionnisme ou par le fétichisme, est capable de les engendrer chez le sujet, en produisant une sorte de conformité entre le plaisir proprement esthétique et la jouissance scopique qui en est à l’origine.
Based on the photography of Helmut Newton, the objective of our work is to test three hypotheses that, as a whole, allow us to locate the moment in which the subject, resorting to perverse montage, negotiates with their gaze an object for their desire: the first one regarding fetishism, the second one about posing (which is the way to approach exhibitionism) and, finally, a hypothesis that consists of a modeling proposal of the aesthetic fruition. As an introduction, the objective of the first part of our work is to investigate the relationship between fashion and his photography – a centenary relationship that slowly reclaims merits in the galleries and in the erudite reception of art. The second part aims to present the theoretical framework in which our hypotheses are set: the relationship between the gaze, the desire and the fantasy that sustains it. In the third part, we developed our hypotheses about fetishism and posing. On the one hand, there is the fetishism of the beholder, immortalized by culture in the figure of that fetishist subject of some piece of clothing. However, there is also the fetishism of who gets dressed and is seen, mentioned by Freud in 1909 but generally ignored by commentators. Our hypothesis: on the side of the beholder, fetishism would present itself, as in painting, in the form of a dompte-regard, an idea developed by Lacan in Seminar 11; on the side of gets dressed and is seen, fetishism could be understood in the light of the trompe-l'oeil effect. In the third chapter of this part, the objective is to propose that posing is a good measure of what passes between the light that a pervert wants on and the dim light without which a neurotic cannot bear the object. The fourth part of the research is organized around the following question: how can Newton's photography teach us about aesthetic fruition itself? Freud proposed a theory of aesthetic fruition, according to which art is able to capture the subject through the commotion of their unconscious fantasy, allowing them to enjoy their fantasies censorship-free and shamelessly. It does not seem to be the case with a photograph like Newton's, in front of which, the spectator finds himself in a dilemma: on the one hand, it is difficult to deny the beauty of the form, the way in which the image captures the subject's gaze; on the other hand, the very fruition of the image is accompanied by a certain discomfort, a feeling that it would not be right to move forward. Our hypothesis, developed throughout four chapters that concludes this work, is the following: Newton's photography captures the spectator through the emotion of his fantasy, as proposed by Freud, but it touches them at a very particular level, where fantasy is confused with the perverse coordinates of desire. Newton often reveals a photograph that, more than reproducing a scene characterized by exhibitionism or fetishism, is capable of engendering them in the subject, producing a kind of conformity between the properly aesthetic pleasure and the scopic gaze in its origin. It is, therefore, about enjoying our fantasies, as Freud said, but not without the confrontation with censorship and a sense of shame.
Palavras-chave: Psychoanalysis
Gaze
Aesthetics
Helmut Newton
Fashion Photography
Psychanalyse
Regard
Esthétique
Helmut Newton
Photographie de mode
Psicanálise
Olhar
Estética
Helmut Newton
Fotografia de moda
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA::TRATAMENTO E PREVENCAO PSICOLOGICA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Programa: Programa de Pós-Graduação em Psicanálise
Citação: GREGGIO, Tarcísio Concolato. A psicanálise (sur)presa pela fotografia de moda: fetichismo e exibicionismo aos olhos da arte. 2022. 251 f. (Doutorado em Psicanálise) – Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro; École doctorale Sociétés, Humanités, Arts et Lettres, Université Côte d’Azur, Nice, 2022.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19646
Data de defesa: 9-Dez-2022
Aparece nas coleções:Doutorado em Psicanálise

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