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Tipo do documento: Tese
Título: A natureza-cultura em construção: histórias de filosofia e ciência sobre corpos e feminismos
Título(s) alternativo(s): Nature-culture en construction: histoires de la philosophie et de la science sur les corps et les féminismes
Autor: Soares, Maria Helena Silva 
Primeiro orientador: Videira, Antonio Augusto Passos
Primeiro membro da banca: Mendonça, André Luís de Oliveira
Segundo membro da banca: Motta, Maria Cristina Machado
Terceiro membro da banca: Melo, Rebeca Furtado de
Quarto membro da banca: Machado, Rita de Cassia Fraga
Resumo: Esta tese nasce da pretensão de pensar, uma vez mais, sobre a objetividade científica a partir de um ponto de vista feminista. O encontro com a vasta bibliografia dedicada ao tema me levou, no entanto, a mobilizar algumas outras páginas na história da filosofia, da ciência e do feminismo. Essas leituras exigiram a análise de noções igualmente importantes, como a natureza, a cultura e a situação da sexualidade na tríade, que constitui a própria base do conhecimento ocidental: natureza-cultura-objetividade. Essa separação, como defendemos, é tão artificial quanto orgânica quando analisada através das lentes estabelecidas desde as luzes modernas. Apontar as fraturas que também caracterizam essas fronteiras, como afirma Donna Haraway (1985), é um desafio para quem ambiciona uma análise feminista sobre conceitos tão caros à ciência e à filosofia. Para isso, analisamos a autoridade da natureza quanto à descrição e prescrição acerca do feminino na história da filosofia e da ciência. Dispomos de textos filosóficos e científicos que tinham em comum o detalhamento da natureza humana, corpos e mentes, fundamentados e permitidos pela autoridade da natureza sobre suas características sexual, fisiológica, psicológica e moral. Por esta análise, se verifica como, atualmente, a objetividade opera como uma ferramenta alternativa à natureza. Desse modo, a objetividade prolifera, simultaneamente, como um mecanismo de produção e produto da ciência que a instituiu. Para melhor entendê-la, analisamos o percurso das epistemologias feministas ocidentais através de seus questionamentos e tensões, que passam pelo reconhecimento de seu caráter plural e da compreensão da ciência como situada e parcial. Dentre suas muitas vozes, optamos por explorar os trabalhos de Harding e Haraway que revolucionaram, cada uma a seu modo e com diferenças significativas entre si, os estudos feministas sobre ciência. Harding pensa a objetividade à luz dos estudos pós-coloniais, que ela defende como uma maneira responsável de fazer ciência, e defende a proposta de uma “objetividade forte”. Esse conceito toma como ponto de partida a diversidade, que antes era desconsiderada por refletir demandas de grupos historicamente subalternizados. De outro modo, o tecnofeminismo de Haraway implode a fronteira natureza-cultura, erguida inicialmente pela ciência moderna. Seu conceito de ciborgue e de identidades fraturadas marcam a superação das fronteiras entre fabricado e orgânico, homem e animal, real e virtual e sexo e gênero. Haraway, enquanto bióloga, filósofa e feminista, entende que o mundo que habitamos excede e contradiz o que as explicações modernas tentaram delimitar. Por isso, sua “testemunha modesta” é localizada e seu olhar, como o de todo e qualquer, bem como sua produção é sempre parcial. Por fim, miramos o passado “pelo que foi, e contra o que foi” a fim de anunciar o que será: a revolução feminista que desejamos ver na ciência e nas categorias em que ela se fundou (natureza-cultura-objetividade) será plural ou não será. Através de duas experiências feministas na educação, buscamos demonstrar como tais propostas se aproximam ou se afastam do feminismo como “luta contra a opressão sexista” que entende as relações de gênero, raça e classe como igualmente fundamentais para esse projeto político.
Abstract: Cette thèse part de la prétention de penser, encore une fois, l'objectivité scientifique d'un point de vue féministe. La rencontre avec la vaste bibliographie consacrée au sujet m'a cependant conduit à mobiliser quelques autres pages de l'histoire de la philosophie, des sciences et du féminisme. Ces lectures ont nécessité l'analyse de notions tout aussi importantes, comme la nature, la culture et la situation de la sexualité dans la triade, qui constitue la base même du savoir occidental : nature-culture-objectivité. Cette séparation, comme nous le défendons, est aussi artificielle qu'organique lorsqu'elle est analysée à travers le prisme établi depuis la lumière moderne. Souligner les fractures qui caractérisent aussi ces frontières, comme l'affirme Donna Haraway (1985), est un défi pour celles qui aspirent à une analyse féministe de concepts si chers à la science et à la philosophie. Pour cela, nous analysons l'autorité de la nature concernant la description et la prescription du féminin dans l'histoire de la philosophie et des sciences. Nous avons des textes philosophiques et scientifiques qui avaient en commun les détails de la nature humaine, des corps et des esprits, étayés et autorisés par l'autorité de la nature sur ses caractéristiques sexuelles, physiologiques, psychologiques et morales. A travers cette analyse, il est vérifié comment, actuellement, l'objectivité fonctionne comme un outil alternatif à la nature. De cette façon, l'objectivité prolifère, à la fois, en tant que mécanisme de production et produit de la science qui l'a instituée. Pour mieux la comprendre, nous analysons la trajectoire des épistémologies féministes occidentales à travers leurs questionnements et leurs tensions, qui incluent la reconnaissance de leur caractère pluriel et la compréhension de la science comme située et partielle. Parmi leurs nombreuses voix, nous avons choisi d'explorer les œuvres de Harding et Haraway qui ont révolutionné, chacune à sa manière et avec des différences significatives les unes par rapport aux autres, les études féministes de la science. Harding pense l'objectivité à la lumière des postcolonial studies, qu'elle défend comme une manière responsable de faire de la science, et défend la proposition d'une « objectivité forte ». Ce concept prend comme point de départ la diversité, qui était auparavant ignorée car elle reflète les exigences de groupes historiquement subordonnés. Sinon, le technoféminisme de Haraway fait imploser la frontière nature-culture, érigée initialement par la science moderne. Son concept de cyborg et d'identités fracturées marque le dépassement des frontières entre le manufacturé et l'organique, l'homme et l'animal, le réel et le virtuel, et le sexe et le genre. Haraway, en tant que biologiste, philosophe et féministe, comprend que le monde que nous habitons dépasse et contredit ce que les explications modernes ont tenté de délimiter. Dès lors, son « modeste témoin » est localisé et son regard, comme celui de tout le monde, ainsi que sa production est toujours partial. Enfin, nous regardons le passé « pour ce qu'il était et contre ce qu'il était » pour annoncer ce qu'il sera : la révolution féministe que nous voulons voir dans la science et dans les catégories sur lesquelles elle s'est fondée (nature-culture-objectivité) sera au pluriel ou ne le sera pas. À travers deux expériences féministes en éducation, nous cherchons à démontrer comment de telles propositions abordent ou s'écartent du féminisme comme une « lutte contre l'oppression sexiste » qui comprend les relations de genre, de race et de classe comme tout aussi fondamentales pour ce projet politique.
Palavras-chave: Objectivité
Nature-culture
Féminisme
Épistémologie historique
Épistémologies féministes
Objetividade
Natureza-cultura
Feminismo
Epistemologia histórica
Epistemologias feministas
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA::EPISTEMOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Programa: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Citação: SOARES, Maria Helena Silva. A natureza-cultura em construção: histórias de filosofia e ciência sobre corpos e feminismos. 2021. 191 f. Tese (Doutorado em Filosofia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20365
Data de defesa: 16-Dez-2021
Aparece nas coleções:Doutorado em Filosofia

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