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Tipo do documento: Dissertação
Título: A realidade psíquica segundo Sigmund Freud e suas implicações no tratamento psicanalítico
Título(s) alternativo(s): Psychic reality according to Sigmund Freud and its implications in psychoanalytic treatment
Autor: Pereira, Arthur Teixeira 
Primeiro orientador: Vorsatz, Ingrid de Mello
Primeiro membro da banca: Feijoo, Ana Maria Lopez Calvo de
Segundo membro da banca: Lo Bianco , Anna Carolina
Resumo: A presente dissertação de mestrado objetiva problematizar a noção de realidade psíquica introduzida por Sigmund Freud e discutir suas implicações no tratamento psicanalítico. Orientados por Lo Bianco, compreendemos que é por meio da consulta às obras e artigos escritos por Freud, Lacan e outros autores do campo que buscamos circunscrever os conceitos em psicanálise, procedimento que com frequência é entendido como uma revisão bibliográfica extensa. No entanto, a metodologia adotada não se trata de reproduzir as considerações realizadas pelos autores, mas, sim, interrogá-las, examinar a construção dos conceitos e suas origens e, sobretudo, reconhecer que estes não são construídos de forma arbitrária. O conceito de realidade psíquica tem sua origem relacionada ao abandono da teoria da sedução, segundo a qual a etiologia da histeria estaria associada a experiências sexuais precoces ocorridas na infância com uma criança mais velha ou um adulto, geralmente o pai. No entanto, constata que seria impossível que em todos os casos de histeria o pai fosse um perverso; se assim fosse, as perversões deveriam ocorrer em maior escala. Posteriormente, Freud afirma que há uma realidade psíquica, distinta da chamada realidade material. Freud conclui que, embora a realidade material tenha sua importância, a realidade psíquica é decisiva para o tratamento psicanalítico. A fantasia é um conceito fundamental no que diz respeito a esta problemática, uma vez que ela é correlata à realidade psíquica. No artigo “O poeta e o fantasiar”, de 1908, Freud estabelece uma analogia entre o brincar da criança e o fantasiar na fase adulta, de modo que a fantasia diria respeito à realidade psíquica, não à realidade material. É importante destacar duas designações distintas do termo ‘realidade’ no idioma alemão e utilizadas por Freud, a saber, Realität e Wirklichkeit. O primeiro tem sua origem na palavra latina res, que foi utilizada pelo pensamento medieval e por Descartes em expressões como res cogitans (coisa pensante) e res extensa (coisa extensa); assim, Realität diz respeito à realidade como coisa, se refere à noção de realidade externa ou material. A segunda designação tem relação com a palavra grega physis, que tem origem verbal cujo significado é “fazer surgir” ou “produzir”. Freud usa com frequência ambos os termos alemães, o que parece indicar-nos que não há uma oposição conceitual clara entre as duas realidades; ou seja, a realidade psíquica não é outra realidade, mas, sim, a própria realidade operante do sistema inconsciente, que produz efeitos sobre o sujeito. O conceito de realidade psíquica implica a constituição de direção de trabalho e escuta clínica que compõem a prática da psicanálise. A fim de identificar e discutir os elementos clínicos que a realidade psíquica implica, apresentamos os casos de histeria da Anna O. - que, embora não tenha sido paciente de Freud, é um célebre caso que apresenta elementos clínicos fundamentais para a presente discussão -, Elisabeth von R. e Dora. Destaca-se que a realidade psíquica é a realidade operante no sistema inconsciente, que implica um sujeito dividido subjetivamente. Justamente por considerar essa divisão, Freud pôde fundar uma teoria da clínica psicanalítica.
Abstract: This master's thesis aims to problematize the notion of psychic reality introduced by Sigmund Freud and discuss its implications for psychoanalytic treatment. Guided by Lo Bianco, we understand that it is by consulting the works and articles written by Freud, Lacan and other authors in the field that we seek to circumscribe the concepts in psychoanalysis, a procedure that is often understood as an extensive bibliographical review. Nevertheless, the methodology adopted is not about reproducing the considerations made by the authors, but questioning them, examining the construction of concepts and their origins and, above all, recognizing that they are not constructed arbitrarily. The concept of psychic reality has its origins related to the abandonment of the seduction theory, according to which the etiology of hysteria would be associated with early sexual experiences that occurred in childhood with an older child or an adult, usually the father. However, he notes that it would be impossible for the father to be perverse in all cases of hysteria; if so, perversions should occur on a larger scale. Later, Freud affirms that there is a psychic reality, distinct from the so-called material reality. Freud concludes that, although material reality has its importance, psychic reality is decisive for psychoanalytic treatment. Fantasy is a fundamental concept with regard to this problem, since it is correlated with psychic reality. In the article "Creative Writers and Day-dreaming", from 1908, Freud establishes an analogy between children's playing and fantasizing in adulthood, so that fantasy would concern psychic reality, not material reality. It is important to highlight two distinct designations of the term 'reality' in the German language and used by Freud, namely Realität and Wirklichkeit. The first has its origin in the Latin word res, which was used by medieval thought and by Descartes in expressions such as res cogitans (thinking thing) and res extenso (extended thing); thus, Realität concerns reality as a thing, refers to the notion of external or material reality. The second designation is related to the Greek word physis, which has a verbal origin and means “to bring forth” or “to produce”. Freud frequently uses both German terms, which seems to indicate that there is no clear conceptual opposition between the two realities; that is, the psychic reality is not another reality, but the very operating reality of the unconscious system, which produces effects on the subject. The concept of psychic reality implies the constitution of work direction and clinical listening that make up the practice of psychoanalysis. In order to identify and discuss the clinical elements that psychic reality implies, we present the cases of Anna O.'s hysteria, which, although she was not a patient of Freud, is a famous case that presents fundamental clinical elements for the present discussion, Elisabeth von R. and Dora. It is highlighted that the psychic reality is the operating reality in the unconscious system, which implies a subjectively divided subject. Precisely by considering this division, Freud was able to found a theory of the psychoanalytic clinic.
Palavras-chave: Psychic reality
Fantasy
Psychoanalysis
Clinic
Realidade psíquica
Fantasia
Psicanálise
Clínica
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Programa: Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Citação: PEREIRA, Arthur Teixeira. A realidade psíquica segundo Sigmund Freud e suas implicações no tratamento psicanalítico. 2023. 79 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21011
Data de defesa: 30-Jun-2023
Aparece nas coleções:Mestrado em Psicologia Social

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