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Tipo do documento: Dissertação
Título: “A culpa é da mãe?”: vozes de mulheres de um município da Baixada Fluminense sobre a prescrição de psicotrópicos para seus filhos pequenos
Título(s) alternativo(s): "Is it the mother's fault?": Voices of women from a municipality in Baixada Fluminense regarding the prescription of psychotropics for their young children
Autor: Zen, Daniel Patrocinio. 
Primeiro orientador: Lima, Rossano Cabral
Primeiro membro da banca: Nucci, Marina Fisher
Segundo membro da banca: Pande, Mariana Nogueira Rangel
Terceiro membro da banca: Cervo, Michele da Rocha
Resumo: Esta dissertação investigou o fenômeno da demanda de prescrição de psicotrópicos para crianças pequenas a partir da perspectiva das mães. Como suporte teórico, foi realizada uma breve historiografia da psiquiatria infantil e sua relação com a medicalização e medicamentalização da vida cotidiana, assim como uma análise do papel da ciência e do poder médico na construção de um juízo moral em torno de projetos biopolíticos sobre a maternidade e do cuidado de crianças pequenas. Os principais temas de interesse da pesquisa foram: participação das mães no processo de busca por atendimento especializado; expectativas das mães em relação aos diagnósticos de seus filhos; demandas e expectativas das mães em relação ao uso de psicotrópicos; e mapeamento da rede de cuidado e sua relação com o tratamento. Exploramos essas questões por meio da análise de entrevistas semiestruturadas com mães que realizaram o acolhimento inicial no Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil (CAPSi) de São João de Meriti, na região da Baixada Fluminense. Foram incluídas mães de crianças menores de seis anos que fizeram uso de psicotrópicos. Nesta amostra, a dificuldade de dividir o cuidado de seus filhos com a família, e principalmente com o Estado, e a dificuldade de cuidar dessas crianças em meio à precariedade material favoreceram a busca precoce por atendimento. As entrevistadas se queixaram de uma grande dificuldade de acesso a especialistas em saúde mental. Quase todas recorreram a serviços particulares, os quais não se mostraram uma alternativa viável de acesso à saúde a longo prazo. Os atendimentos foram descritos como muito rápidos, com uma troca insuficiente de informações. As mães demandavam alguma forma de reduzir os sintomas que dificultavam o cuidado ou a divisão do cuidado com seus filhos, e orientações quanto ao seu desenvolvimento. As respostas dadas pelos profissionais foram, em geral, padronizadas e impessoais, incluindo diagnósticos instantâneos, prescrições medicamentosas e encaminhamentos para intervenções não farmacológicas. A tentativa de seguir todas essas prescrições à risca deixou as entrevistadas ainda mais frustradas e sobrecarregadas. A maioria das mães se mostrou insatisfeita com os efeitos das medicações, e as explicações dos especialistas sobre os psicotrópicos foram mínimas, mesmo diante dos riscos a curto e a longo prazo. As intervenções não farmacológicas (principalmente terapia ocupacional e fonoaudiologia) foram apontadas como a grande solução para a condição de seus filhos. Poucas interlocutoras tiveram acesso a essas intervenções, o que lhes causou um sentimento de impotência e culpa diante da situação. A questão da medicalização e medicamentalização da saúde mental de crianças pequenas também estão relacionadas a múltiplas opressões sociais. Por isso, medidas que diminuam a desigualdade social, violência, machismo, racismo e descaso estatal são essenciais na atenuação da questão. Também é necessário o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial, tanto para facilitar o acesso a orientações e recursos terapêuticos, quanto para promover abordagens menos medicalizantes em questões relacionadas ao desenvolvimento infantil.
Abstract: This dissertation investigated the phenomenon of the demand for psychotropic prescription for young children from the perspective of mothers. As theoretical support, a brief historiography of child psychiatry and its relationship with the medicalization and medicamentation of everyday life was conducted, as well as an analysis of the role of science and medical power in constructing a moral judgment around biopolitical projects concerning motherhood and the care of young children. The main research topics included the mothers' participation in the process of seeking specialized care, mothers' expectations regarding the diagnoses of their children, demands and expectations of mothers regarding the use of psychotropics, and mapping the care network and its relationship with treatment. We explored these issues through the analysis of semi-structured interviews with mothers who underwent the initial reception at the Child and Adolescent Psychosocial Care Center (CAPSi) in São João de Meriti, in the Baixada Fluminense region. Mothers of children under six years old who used psychotropics were included in this sample. In this sample, the difficulty of sharing the care of their children with the family, and especially with the State, and the difficulty of caring for these children amid material precariousness favored an early search for care. The interviewees complained about a significant difficulty in accessing mental health specialists. Almost all resorted to private services, which proved not to be a viable long-term health access alternative. The appointments were described as very fast, with insufficient information exchange. Mothers demanded some way to reduce symptoms that hindered care or the division of care with their children, as well as guidance on their development. The responses from professionals were generally standardized and impersonal, including instant diagnoses, medication prescriptions, and referrals to non-pharmacological interventions. The attempt to strictly follow all these prescriptions left the interviewees even more frustrated and overwhelmed. Most mothers were dissatisfied with the effects of medications, and the explanations from specialists about psychotropics were minimal, even considering short and long-term risks. Non-pharmacological interventions (mainly occupational therapy and speech therapy) were identified as the major solution to their children's condition. Few interlocutors had access to these interventions, causing them a feeling of powerlessness and guilt in the situation. The issue of the medicalization and medicamentation of the mental health of young children is also related to multiple social oppressions. Therefore, measures that reduce these forms of oppression, such as social inequality, violence, sexism, racism, and state neglect, are essential in alleviating the issue. Strengthening the Psychosocial Care Network is also necessary to facilitate access to guidance and therapeutic resources, as well as to promote less medicalizing approaches to issues related to child development.
Palavras-chave: Psiquiatria infantil
Maternidades
Psicotrópicos
Cuidado da criança
Serviços de saúde mental
Criança - Pré-escolar
Medicalização
Intervenção psicossocial
Terapêutica
Medicamentalização
Farmacologização
Primeira infância
Mulheres
Maternidade
Medicalization
Medicamentation.
Pharmacologization.
Psychotropics
Eearly childhood
Women
Motherhood
Área(s) do CNPq: CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Programa: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Citação: ZEN, Daniel Patrocinio. “A culpa é da mãe?”: vozes de mulheres de um município da Baixada Fluminense sobre a prescrição de psicotrópicos para seus filhos pequenos. 2024. 116 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21664
Data de defesa: 26-Fev-2024
Aparece nas coleções:Mestrado em Saúde Coletiva



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