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http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23928
Tipo do documento: | Dissertação |
Título: | Discursos sobre o silêncio em torno de Djamila Ribeiro |
Título(s) alternativo(s): | Discourses on silence around Djamila Ribeiro |
Autor: | Santos, Ana Cristina Andrade dos ![]() |
Primeiro orientador: | Josiowicz, Alejandra Judith |
Primeiro membro da banca: | Alves, Carolina Gonçalves |
Segundo membro da banca: | Baião, Jonê Carla |
Resumo: | Este trabalho parte de uma perspectiva discursiva antirracista, decolonial, interseccional feminista, com o objetivo de estudar as práticas discursivas que giram em torno dos sentidos do silêncio analisados em uma seleção de textos da intelectual negra Djamila Ribeiro. Dessa forma, a teorização do silêncio remete às opressões sofridas pela população negra no Brasil, em especial pelas mulheres negras, que configuraram e estabeleceram uma relação de poder, de conflito, de disputa, que perpassa e tensiona as relações sociais no país e em todo o mundo até hoje. Falar sobre os sentidos do silêncio em Djamila Ribeiro constitui um tema que vai ao encontro de pensamentos de outras feministas negras, as quais propõem uma ruptura com autorizações discursivas hierarquizantes e opressoras (Ribeiro, 2019a). Djamila Ribeiro promove uma antigenealogia feminista e antirracista do silêncio quando referencia diferentes intelectuais negras, como Sueli Carneiro, Grada Kilomba, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Audre Lorde, Patricia Hill Collins, bell hooks, as quais, como ela, tentam se definir como enunciadoras de si mesmas para reivindicarem o direito à voz, à existência. Ao enunciar a partir do lugar social de uma intelectual negra, Ribeiro elabora o conceito de “lugar de fala” (Ribeiro, 2020b) para dar conta do espaço de enunciação ocupado por mulheres negras intelectuais na sociedade brasileira, representadas, dentre muitas outras, por Neusa Santos Souza, Beatriz Nascimento, Leda Martins e Lívia Natália e Cida Bento. Nessa direção, o silêncio imposto sistematicamente a esse grupo de pessoas é entendido como o silenciamento de sua existência (Ribeiro, 2019a). Sob a perspectiva da Análise do Discurso proposta pela pesquisadora e linguista Eni Orlandi (2015), o conceito de silêncio aponta para uma memória (interdiscurso), que se insere nos modos de dizer da intelectual Djamila Ribeiro. O silêncio, pensado a partir dos fundamentos de Orlandi, significa não um vazio, e sim uma forma de criação de sentido (Orlandi, 2007). O embasamento teórico do trabalho dar-se-á na área da Análise do Discurso (Orlandi, 2015; Maingueneau, 2004), da Análise Cartográfica do Discurso (Deusdará; Rocha, 2021) e da Análise do Discurso Digital (Paveau, 2020; 2021; Dias, 2018), os quais apresentam caminhos para se pensar nos efeitos de sentido do que se enuncia. A perspectiva metodológica é a análise discursiva de base enunciativa, com metodologia qualitativa. O córpus analisado são as obras de Djamila Ribeiro “Quem tem medo do feminismo negro?” (2018) e “Lugar de fala” (2020); e “Eu me arrependo dos meus silêncios” (2019), publicado na coluna do Jornal Folha de S. Paulo, do qual Ribeiro é colunista. Também fazem parte do córpus da pesquisa as análises sobre silêncio em tuítes que referenciam a intelectual no X, antigo Twitter. Em conclusão, pensamos na importância de Djamila Ribeiro como intelectual negra do sul global que se coloca como enunciadora e que traz o silêncio da mulher negra para ser pensado como objeto de reflexão, inclusive para causar um efeito de memória discursiva, estabelecendo relações entre o passado e o presente do racismo e do sexismo no Brasil e na América Latina |
Abstract: | This study adopts an anti-racist, decolonial, intersectional, and feminist perspective to examine the discursive practices surrounding the meanings of silence, as analyzed in a selection of texts by afro-Brazilian intellectual Djamila Ribeiro. The theorization of silence relates to the oppression endured by the Afro-diasporic population in Brazil, particularly Black women, which has shaped and established power relations, conflicts, and disputes that permeate and challenge social relationships in Brazil and globally to this day. Exploring the meanings of silence in Djamila Ribeiro’s work aligns with the thoughts of other Black feminists, who propose breaking away from hierarchical and oppressive discursive authorizations (Ribeiro, 2019a). Ribeiro advances a feminist and anti-racist “antigenealogy” of silence by referencing various Black intellectuals, including Sueli Carneiro, Grada Kilomba, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Audre Lorde, Patricia Hill Collins, and bell hooks. Like Ribeiro, these thinkers strive to define themselves as their own narrators, claiming their right to voice and existence. Speaking from her social position as an afro-Brazilian intellectual, Ribeiro develops the concept of “lugar de fala” (Ribeiro, 2020b) to address the enunciative space occupied by Black women intellectuals in Brazilian society, represented by figures such as Neusa Santos Souza, Beatriz Nascimento, Leda Martins, Lívia Natália, and Cida Bento, among others. In this context, the systemic silencing of this group is understood as the erasure of their existence (Ribeiro, 2019a). From the perspective of Discourse Analysis proposed by researcher and linguist Eni Orlandi (2015), the concept of silence points to a memory (interdiscourse) that is embedded in the ways of speaking of Djamila Ribeiro. Silence, as conceived by Orlandi, signifies not an absence but a form of meaning-making (Orlandi, 2007). The theoretical foundation of this work is grounded in Discourse Analysis (Orlandi, 2015; Maingueneau, 2004), Cartographic Discourse Analysis (Deusdará; Rocha, 2021), and Digital Discourse Analysis (Paveau, 2020; 2021; Dias, 2018), which provide avenues for reflecting on the effects of meaning in what is enunciated. The methodological approach involves enunciative discourse analysis with a qualitative methodology. The corpus analyzed includes Djamila Ribeiro's works Quem tem medo do feminismo negro? (2018) and Lugar de fala (2020), as well as her essay Eu me arrependo dos meus silêncios (2019), published in her column in Folha de S. Paulo. The corpus also encompasses analyses of silence in tweets referencing Ribeiro on X (formerly Twitter). In conclusion, this study underscores the importance of Djamila Ribeiro as an Afro-Brazilian intellectual from the Global South, who positions herself as an enunciator and brings the silencing of afro-Brazilian women into focus as a subject of reflection. Her work triggers reflections on discursive memory, establishing connections between the past and present of racism and sexism in Brazil and Latin America |
Palavras-chave: | Djamila Ribeiro Silêncio Feminismo negro Memória Análise do discurso Análise cartográfica do discurso Análise do discurso digital Ribeiro, Djamila, 1980- - Crítica e interpretação Silêncio na literatura Feminismo na literatura Memória na literatura Silence Black feminism Memory Discourse analysis Cartographic discourse analysis Digital discourse analysis |
Área(s) do CNPq: | LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Instituição: | Universidade do Estado do Rio de Janeiro |
Sigla da instituição: | UERJ |
Departamento: | Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras |
Programa: | Programa de Pós-Graduação em Letras |
Citação: | SANTOS, Ana Cristina Andrade dos. Discursos sobre o silêncio em torno de Djamila Ribeiro. 2024. 95 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Instituto de Letras, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024. |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23928 |
Data de defesa: | 16-Dez-2024 |
Aparece nas coleções: | Mestrado em Letras |
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