Exportar este item: EndNote BibTex

Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/24073
Tipo do documento: Dissertação
Título: Da vigilância à automação: pensando a medicina em tempos de maquinário cognitivo
Título(s) alternativo(s): From vigilance to automation: reflection upon medicine in times of cognitive machinery
Autor: Mirenda, Henrique de Azeredo 
Primeiro orientador: Corrêa, Marilena Cordeiro Dias Villela
Primeiro coorientador: Rodrigues, Paulo Henrique Almeida
Primeiro membro da banca: Camargo Junior, Kenneth Rochel de
Segundo membro da banca: Oliveira, Fabiano Saldanha Gomes de
Terceiro membro da banca: Lippold, Walter Günther Rodrigues
Resumo: Apesar da presença ubíqua das tecnologias de informação na organização da vida social contemporânea, algumas de suas repercussões éticas e políticas têm passado ao largo do foco das investigações e preocupações no campo da saúde. Através da reunião de conceitos-chave no campo temático dos estudos críticos em cibernética, sua discussão a partir das elaborações de autores relevantes e as suas articulações com a medicina ambulatorial, sobretudo naquilo que diz respeito à noção de necessidades em saúde e os tensionamentos políticos decorrentes de suas diferentes formulações serão investigadas as maneiras que novas tecnologias informáticas, sobretudo a IA têm contribuído para a automação de tarefas cognitivas e refletir sobre os impactos dessa maquinização da clínica no trabalho médico e na relação transferencial. Identificou-se o histórico das recentes transformações nas tecnologias da informação, propiciando uma descrição do modelo de negócios que tem organizado a sua disseminação através da apreensão do seu circuito de produção e circulação do seu valor. Em um cenário que, apesar de continuidades é profundamente diverso daquele do capitalismo industrial, originalmente analisado por Marx, localizou-se, entretanto, marcada homologia entre o eixo máquina-capital fixo, conforme articulado no Fragmento sobre as Máquinas dos cadernos Grundrisse e as tecnologias de automatização de tarefas cognitivas, balizadas na forma da propriedade intelectual. Esse novo tempo do capital – nomeado por Zuboff “capitalismo de vigilância” e por Wark “vetorialismo” (dois diagnósticos que, embora apresentem aproximações significativas, divergem substancialmente em termos de prognóstico e prescrição) – é marcado, fundamentalmente, por uma dessubstancialização progressiva do conteúdo da mercadoria, que passa a assumir qualidades cada vez mais abstratas e explicitamente relacionais, diferenciando-se de sua forma “passada” encapsulada no bem de consumo. A possibilidade de automatização de certas tarefas clínicas corresponde à formulação digital de tarefas clínicas que já são, de partida, algoritmizadas – dada sua natureza protocolar baseada em instruções do tipo “se x, portanto y”, em que a tarefa do clínico consiste na tradução dos conteúdos oriundos do exame clínico em “x”, aqui representando certos critérios que, quando preenchidos, tem por corolário uma proposição diagnóstica, a qual, por sua vez, corresponde a uma gama específica de possibilidades terapêuticas, “y”. Que estas tecnologias aumentem a produtividade do trabalho médico será pensado criticamente no contexto do sistema de saúde brasileiro, marcado pelo impasse de provimento médico em nível populacional. O otimismo de proponentes de sua disseminação é contrastado com uma perspectiva em que a progressiva digitalização da interface médico-paciente cerceia o “direito à transferência” das populações marginalizadas.
Abstract: Despite the ubiquitous presence of information technologies in the organization of contemporary social life, some of their ethical and political repercussions have been overlooked by research and concerns in the health field. By bringing together key concepts in the thematic field of critical studies in cybernetics, discussing them based on the work of relevant authors, and linking them with outpatient medicine, especially with regard to the notion of health needs and the political tensions arising from their different formulations, we will investigate the ways in which new information technologies, especially AI, have contributed to the automation of cognitive tasks and reflect on the impacts of this mechanization of the clinic on medical work and on the transferential relationship. We will identify the history of recent transformations in information technologies, providing a description of the business model that has organized their dissemination through the understanding of their circuit of production and circulation of their value. In a scenario that, despite its continuities, is profoundly different from that of industrial capitalism, originally analyzed by Marx, there was nevertheless a marked homology between the machine-fixed capital axis, as articulated in the Fragment on Machines in the Grundrisse notebooks, and the technologies for automating cognitive tasks, marked by the form of intellectual property. This new era of capital – named by Zuboff “surveillance capitalism” and by Wark “vectorialism” (two diagnoses that, although they present significant similarities, diverge substantially in terms of prognosis and prescription) – is fundamentally marked by a progressive desubstantialization of the content of the commodity, which begins to assume increasingly abstract and explicitly relational qualities, differentiating itself from its “past” form encapsulated in the consumer good. The possibility of automating certain clinical tasks corresponds to the digital formulation of clinical tasks that are already algorithmic from the outset – given their protocol-based nature based on instructions such as “if x, then y”, in which the clinician’s task consists of translating the contents arising from the clinical examination into “x”, here representing certain criteria that, when met, have as a corollary a diagnostic proposition, which, in turn, corresponds to a specific range of therapeutic possibilities, “y”. The fact that these technologies increase the productivity of medical work will be considered critically in the context of the Brazilian health system, marked by the impasse in medical provision at the population level. The optimism of proponents of their dissemination is contrasted with a perspective in which the progressive digitalization of the doctor-patient interface curtails the “right to transfer” of marginalized populations.
Palavras-chave: Saúde Digital
Necessidades e Demandas de Serviços de Saúde
Medicina
Raciocínio Clínico
Capitalismo
Big Data
Big-techs
Colonialismo
Saúde Digital
Big-techs
Colonialism
Digital Health
Clinical Reasoning
Área(s) do CNPq: CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Programa: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Citação: MIRENDA, Henrique de Azeredo. Da vigilância à automação: pensando a medicina em tempos de maquinário cognitivo. 2025. 130 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2025.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/24073
Data de defesa: 13-Mar-2025
Aparece nas coleções:Mestrado em Saúde Coletiva



Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.