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Tipo do documento: Tese
Título: Carne pequena, heranças: ensaios sobre saúde e doença na ficção brasileira contemporânea
Título(s) alternativo(s): Little flesh, heritage: essays on health and disease in Brazilian contemporary fiction
Autor: Guimarães, Juliana Krapp 
Primeiro orientador: Carneiro, Flávio Martins
Primeiro membro da banca: Viegas, Ana Claudia Coutinho
Segundo membro da banca: Rocque, Lucia Rodriguez de La
Terceiro membro da banca: Resende, Fernando Antonio
Quarto membro da banca: Lerner, Kátia
Resumo: O que a doença pode revelar sobre a experiência de ser outro? Ideia forjada cultural e socialmente através dos tempos, o grande paradoxo da doença é ser tanto a mais individual quanto a mais social das coisas, destaca Marc Augé. Por isso mesmo, é ponto de vista valioso para observar a tensão entre identidade e alteridade. No caso da prosa brasileira, encarar as aparições da doença significa se confrontar também com o papel desta na construção de uma identidade para a nação. O Brasil, afinal, foi desenhado sobre a ideia de um povo doente: um grande hospital . Observar como a doença irrompe em nossa arte literária implica encarar as peculiaridades e os traços de uma ficção forjada no entrelugar, como define Silviano Santiago. Entre a prisão e a transgressão, entre vontade de pureza e vivência da mestiçagem. Implica, sobretudo, levar em conta essa difícil categoria: o outro. O outro que é o modelo eurocêntrico a perseguir nas encenações de nossa própria cultura, mas também o outro de sertões e periferias, o outro que se insinua e se infiltra, bastardo, com o corpo consumido pela miséria, pelas doenças negligenciadas e pela violência da lógica colonialista a perdurar, ainda hoje. Fitar a doença, na ficção, exige investigar um labor artístico que traz o engajamento como marca de tradição, mas, ao mesmo tempo, prossegue sendo desenhado majoritariamente por representantes das classes dominantes. A vivência de uma nação cuja faceta literária espelha, em grande parte, a lógica de verticalidade das estruturas de poder que regem sua realidade social e política. Um país onde a própria mestiçagem é confundida com a ideia de doença, tomada como enfermidade ou mal físico, algo a ser combatido e sanado. Observar a doença na ficção envolve encarar, logo, a contundência de nossa segregação social e racial. Os efeitos da colonização sobre os corpos, com sua brutal hierarquização. Nossos genocídios. O magma de uma herança que deixa seus vestígios fragmentos, destroços pela prosa contemporânea. O que as insinuações da doença teriam a dizer sobre as formas com que a ficção tem lidado com essa questão tão perigosa e ao mesmo tempo tão elementar: o olhar sobre o outro , ato sempre informe, em narrativas de autores que guardam os fardos, as marcas e as contradições herdadas de um país que pulsa em encruzilhada? Buscando respostas para essas questões, esta tese se debruça sobretudo em romances e contos brasileiros publicados entre 2001 e 2018. Mas não apenas sobre eles. Pois, apesar de ter como foco a prosa contemporânea, os capítulos deste trabalho mantêm diálogo frequente com diferentes fases do passado. E é observando a sombra deste passado, com sua presença ambígua e exaustiva, um passado que ainda é muito presente, que os ensaios aqui reunidos correm no encalço de personagens às voltas com a enfermidade, a cura e a busca pela saúde em suas diferentes conotações
Abstract: What does disease might reveal about the experience of being other? An idea that was socially and culturally forged over the times, the disease's greatest paradox is being so individual as it is social, Marc Augé highlights. That's why it's such a valuable viewpoint to observe the tension between identity and otherness. When we talk about Brazilian prose, facing the occurrence of diseases also means considering their role in the nation's identity construction. After all, Brazil was built over the idea of a sick nation: a "big hospital." Watching how the disease appears in our literary art implies facing the singularities and aspects of a fiction forged in an in-between place, as defined by Silviano Santiago. Between prison and transgression, between a desire for purity and the experience of miscegenation. Mostly, it implies taking into account this difficult category: the other.The other is the Eurocentric model to be pursued while we're staging our own culture, but it's also the other from the interiors and the outskirts, the other that hints and sneaks into us, a bastard one, whose body is consumed by poverty, by the neglected diseases, by the violence of our colonialist behavior that still persists. To observe the disease in fiction demands an investigation of an artistic craft that is traditionally militant but, at the same time, keeps being crafted mostly by the ruling class agents. It's the experience of a nation whose literary facet mostly reverberates the verticality of the power structures that rule its social and political reality. A country where the miscegenation is mistaken as a disease and is considered an infirmity or a physical illness, something to be fought and healed. So observing the disease in our fiction means to face the forcefulness of our social and racial segregation. The effect of the colonization over the bodies, with a brutal ranking method. Our genocides. A heritage that leaves its traces - fragments and remains - all over the contemporary prose. What the disease innuendos could say about how fiction has been dealing with such a dangerous and yet simple issue: the look on the "other", a constant act, in the narratives of authors that carry the burdens, the marks and the contradictions inherited by a country that lives in a crossroad? In the search for answers to those questions, this dissertation mostly examines Brazilian novels and short stories published between 2001 and 2018. But that's not all of it. Despite having the contemporary prose as a focal point, the chapters in this work constantly dialogue with different periods of the past. By observing the shadow of this past, still so ambiguously and exhaustively present, the essays assembled here closely keep up with the characters dealing with infirmity, cure and search for health - in their most different nuances
Palavras-chave: Contemporary Brazilian fiction
Diseases
Otherness
National identity
Doenças e literatura
Ficção brasileira História e crítica - Séc. XXI
Identidade (Conceito filosófico) na literatura
Contos brasileiros História e crítica - Séc. XXI
Ficção brasileira contemporânea
Doenças
Alteridade
Identidade nacional
Área(s) do CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::LITERATURA BRASILEIRA
Idioma: por
País: BR
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Programa: Programa de Pós-Graduação em Letras
Citação: GUIMARÃES, Juliana Krapp. Carne pequena, heranças: ensaios sobre saúde e doença na ficção brasileira contemporânea. 2019. 219 f. Tese (Doutorado em Literaturas de Língua Inglesa; Literatura Brasileira; Literatura Portuguesa; Língua Portuguesa; Ling) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/5969
Data de defesa: 29-Mar-2019
Aparece nas coleções:Doutorado em Letras

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