Exportar este item: EndNote BibTex

Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6430
Tipo do documento: Dissertação
Título: O que faz do conselheiro Aires um cético?
Título(s) alternativo(s): What makes councelor Aires skeptic?
Autor: Camara, Luciano Oliveira 
Primeiro orientador: Krause, Gustavo Bernardo Galvão
Primeiro membro da banca: Souza, Roberto Acízelo Quelha de
Segundo membro da banca: Senna, Marta Ribeiro Rocha e Silva de
Resumo: Há um consenso nos meios crítico e acadêmico de que Joaquim Maria Machado de Assis é o maior ficcionista brasileiro. Além da qualidade inegável, sua ficção é notável por sua dimensão, atingindo uma dezena de romances e mais de duzentos contos. Com esta união singular entre extensão e qualidade, a obra machadiana acumulou a maior fortuna crítica no Brasil e uma das maiores da literatura universal. Ainda assim, sua fortuna é a que mais cresce no Brasil. Diante de tamanha dedicação dos estudiosos, em que seria relevante a apresentação de mais uma dissertação sobre o Bruxo do Cosme Velho? Acreditando que, apesar do tamanho da investigação que já se fez sobre Machado, alguns dos aspectos cruciais da vida e da obra do escritor ainda não foram devidamente elucidados, este trabalho nasce com a intenção de contribuir para a diminuição dessa lacuna. Um desses aspectos é o conteúdo filosófico da ficção machadiana. Durante muitas décadas, a ideia de que Machado de Assis se alinhara filosoficamente ao pessimismo foi hegemônica. Entretanto, muitas características da ficção machadiana, tais como o humour e a ironia, podem ser sinais de outra orientação filosófica: o ceticismo. A identificação entre Machado e ceticismo não é, entretanto, algo novo, mas durante a maior parte do tempo, a crítica identificou o ceticismo de Machado com a acepção popular do termo: descrença no campo metafísico e desengano no campo político-social. Este modo de ver o ceticismo acaba por aproximar o termo, e reaproximar Machado de Assis, ao pessimismo. Por outro lado, há algumas décadas, alguns estudiosos brasileiros começaram a verificar que a filosofia da ficção machadiana estaria de fato associada ao ceticismo, mas a outro tipo de ceticismo, o ceticismo pirrônico ou filosófico, iniciado com Pirro de Elis, filósofo grego que viveu entre 360 e 270 a.C., e estabelecido pelos escritos de Sexto Empírico, filósofo e médico do século 2. Fazendo jus à origem grega do termo skepticós, aquele que investiga, o ceticismo pirrônico prima não pela descrença, mas pela busca contínua da verdade. Esta busca se mantém indeterminada em virtude da limitação dos sentidos e do pensamento humanos. Não podemos alcançar a verdade das coisas, mas apenas descrever como elas aparentam. Esta impossibilidade não conduz o pirrônico ao pessimismo, o conduz, ao contrário, à tranquilidade, pois ele aceita a sua limitação, não fica se debatendo contra ela. Na ficção machadiana, o conselheiro Aires é o personagem cético por excelência, a começar pelo tão famoso tédio à controvérsia. Entretanto, apesar da semelhança entre a ficção de Machado de Assis e a filosofia cética, há um problema a ser enfrentado: como o escritor poderia ter criado um personagem tão próximo do pirronismo se Machado nunca chegou a ler uma página de Sexto Empírico?
Abstract: Joaquim Maria Machado de Assis is the most important Brazilian fictionist, according to the critics and the academy. Together with its undeniable quality, his fiction is notable for its dimension, reaching ten novels and over two hundred short stories. Because of its unique union between quality and size, Machado´s work has garnered the biggest critical fortune among Brazilian writers and one of the greatest in literature all over the world. Still, his fortune is the fastest growing in Brazil. Faced with such dedication of the scholars, it would be relevant to present a new paper on the Warlock of Cosme Velho? Believing that some of the crucial aspects of his life and work have not been elucidated, despite of the size of the research that has been done on Machado, this work comes with the intention to contribute reducing this gap. One of these aspects is the philosophical content of Machado's fiction. For many decades, the idea that Machado de Assis is philosophically aligned with pessimism was hegemonic. However, many features of Machado's fiction, such as humour and irony, may be signs of other philosophical orientation: skepticism. However, the identification between Machado and skepticism is not something new. But during most of the time, the critics identified the skepticism of Machado with the popular sense of that word: disbelief concerning metaphysical dimension and disappointment concerning politics and social environment. This view of skepticism, however, approximates the term to pessimism; and reconnects Machado de Assis to it. Decades ago, some Brazilian scholars began to see that the philosophy of Machado's fiction was actually associated with skepticism, but another kind of skepticism, the Pyrrhonian or philosophical skepticism, which began with Pyrrho of Elis, a Greek philosopher who lived between 360 and 270 BC, and was established by the writings of Sextus Empiricus, philosopher and physician of the second century. True to the Greek origin of the term skepticos, the one who inquires, the Pyrrhonian skepticism is distinguished not by disbelief, but by its continual search for the truth. This search remains undetermined due to the limitation of human senses and thought. We cannot reach the truth of things, but only describe how they look. This failure does not lead the Pyrrhonian to pessimism, leads him instead to the tranquility, because he accepts his limitations and is not struggling against them. In Machado's fiction, counselor Aires is the skeptical character par excellence, starting with his famous aversion to controversy. However, despite the similarity between the fiction of Machado de Assis and skeptical philosophy, there is a problem to be faced: Machado had never read a single page from Sextus Empiricus. So, how could the writer created a so closed to the Pyrrhonism character?
Palavras-chave: Counselor Aires
Skepticism
Pyrrhonism
Assis, Machado de, 1939-1808 - Crítica e interpretação
Conselheiro Aires (Personagem fictício)
Ceticismo na literatura
Céticos (Filosofia grega)
Sexto Empírico
Ceticismo
Pirronismo
Área(s) do CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS::TEORIA LITERARIA
Idioma: por
País: BR
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Sigla da instituição: UERJ
Departamento: Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Programa: Programa de Pós-Graduação em Letras
Citação: CAMARA, Luciano Oliveira. O que faz do conselheiro Aires um cético?. 2011. 131 f. Dissertação (Mestrado em Literaturas de Língua Inglesa; Literatura Brasileira; Literatura Portuguesa; Língua Portuguesa; Ling) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6430
Data de defesa: 24-Nov-2011
Aparece nas coleções:Mestrado em Letras

Arquivos associados a este item:
Arquivo TamanhoFormato 
Luciano Camara_dissertacao.pdf471,25 kBAdobe PDFBaixar/Abrir Pré-Visualizar


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.